O trabalho com a natureza naturalmente nos incita a buscar coerência
nos pequenos – e importantíssimos – detalhes do processo de ensino-aprendizagem
Em nossos cursos de formação de educadores,
temos cada vez mais certeza de que é preciso oferecer uma experiência
pedagógica que seja, ela própria, o conteúdo, aquilo que os
educadores-aprendizes precisam integrar.
Aprender pela experiência, aprender fazendo é o que nos
parece ser o mais efetivo para este tipo de educação.
Isso significa que precisaremos de uma mudança
radical nos modos como os encontros de educadores geralmente acontecem. Se isso
não acontecer, como é que vão mudar suas relações com as crianças?
Dizemos isso, pois percebemos
que, da mesma maneira que há séculos repetimos um ciclo de sistematização do
ensino-aprendizagem na escola, estes mesmos sistemas ainda fazem parte dos
estudos dos educadores, como uma forma natural de auto-reprodução. Mas, se
questionamos alunos enfileirados, dentro da sala de aula, todos fazendo e
repetindo a mesma ação, ao mesmo tempo, como transformar isso, se as formações
de educadores acontecem da mesma maneira? Se elas não se transformam também?
É preciso viver. É preciso
sentir. É preciso se encantar.
Há muito
mais possibilidades para um educador vivenciar momentos encantadores com suas
crianças se ele se sentir encantado, antes, se ele perceber a necessidade de
estar em permanente processo de aprofundamento da própria percepção. E isso só acontece quando a aprendizagem
está encarnada, vivida e sentida em nossos corpos, através de experiências que
nos fazem perceber o mundo, o presente, nos conectarmos com nós mesmos.
Em seu
texto Experimentação pelas Creanças: a brincagogia sensível, o
professor Marcos Ferreira dos Santos nos traz uma perfeita definição de educar: “do
latim ex ducere, significa conduzir para fora, criar condições,
preparar o terreno, cuidar para que o outro possa ser ele mesmo e, assim,
construir a humanidade de que é portador como potência, como possibilidade.
Dar-lhe instrumentos para sua busca contínua de ser ele próprio”.
Como
preparar o terreno para que o outro seja ele mesmo e construa sua humanidade se
não lhe oferecermos oportunidades para sentir a si mesmo, perceber a si mesmos
e se encantar com aquilo que vivencia? Mas, para encantar os outros é preciso estar encantado.
Se
encantar com a natureza é uma forma de amar. Ainda citando Santos, a palavra
“amor” se compõe, em latim, do negativo “a” e do substantivo “mors” (morte).
Portanto, o amor, em seu sentido etimológico é o apelo de vida (Eros) em
oposição a morte (Thanatos).
O amor é o sentimento provocativo
que nos vivifica e nos anima, nos preenche de anima, de alma, de sensibilidade.
Portanto, quem tem sua sensibilidade desperta e refinada pelo exercício constante
da diferença, da pluralidade e da multiplicidade de linguagens conseguirá
desenvolver essa paixão em suas atitudes.
Assim,
percebemos que o momento atual em que vivemos, exatamente com todos os seus
conflitos e desafios, é bastante propício para que se consolidem novas formas
de educar, mais coerentes com o processo vivo do qual cada um de nós é
portador.
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