segunda-feira, 30 de julho de 2018

Caso de bullying revolta a cidade de Capoeiras, no Agreste de Pernambuco


  
   Um estudante negro e com problemas mentais foi alvo de constrangimento na escola e não quer mais ir às aulas
                              

Moradores de Capoeiras, no Agreste, a 206 quilômetros do Recife, cobram das autoridades uma resposta a um caso de bullying na cidade.



Um grupo de estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Nossa Senhora do Perpétuo Socorro constrangeu um colega e recebeu repúdio após o ataque.

O momento, registrado em vídeos, foi disseminado na internet e incentivou outros alunos a irem às ruas. entretanto, não eram conhecidas ações efetivas para responsabilizar os autores do constrangimento, e circulavam informações de que a vítima, um garoto negro e com problemas mentais, não quer mais ir às aulas.


Nas imagens divulgadas na internet, o adolescente vítima de bullying aparece em meio a colegas e depois se encosta numa parede sob uma intensa gritaria. foram divulgadas informações atribuídas a um irmão do estudante que sofreu bullying, de que ele estaria “desmotivado e triste”.


Em nota oficial, a Erem Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Capoeiras confirmou que um dos adolescentes da instituição "foi vitima de atitude constrangedora praticada por colegas e cujo vídeo está circulando nas redes sociais". Ainda segundo a nota, o caso ocorreu no momento do almoço, quando os professores não estavam em sala de aula e os demais funcionários organizavam a entrada de alunos no refeitório. 


"Reafirmamos o compromisso da instituição com a formação integral do estudante e que nenhum funcionário da escola nunca foi e nem está sendo omisso tampouco conivente com qualquer atitude discriminatória contra alunos”, ressalta a nota, acrescentando que o colégio “está tomando todas medidas necessárias junto à família do aluno, aos órgãos competentes de proteção ao menor, gerência, Secretaria (Estadual) de Educação e alunos envolvidos”.


Também em nota, o Conselho Tutelar de Capoeiras informou que “foram tomadas as medidas cabíveis, e os encaminhamentos necessários”, reforçando que “bullying é crime e está sujeito a punição prescrita em lei”. Até o fechamento desta edição a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) não tinha registro de ocorrência relacionada ao caso de bullying em Capoeiras.

    Retirado do link :







Casos de bullying aumentam 8% em escolas estaduais de SP, diz secretaria


   Foram 564 casos registrados em 2017, 80 a mais do que no ano anterior. Número de ocorrências pode ser maior, já que muitos alunos não denunciam a prática


   Os casos registrados de bullying registrados em escolas estaduais de São Paulo aumentaram 8% em 2017, em relação ao ano anterior. Os número foram fornecidos pela Secretaria de Educação do estado.

No ano passado, o órgão recebeu a denúncia de 564 casos, 80 a mais do que em 2016. O número de vítimas de bullying pode ser maior, porém, pois, muitas vezes, as crianças e adolescentes não denunciam a prática.

Na Escola Estadual Jornalista David Nasser, no Capão Redondo (Zona Sul), a iniciativa do professor Victor Moraes Filho foi transformar o bullying em uma peça de teatro.

“Assim você influencia tanto as pessoas que praticam o bullying a parar, porque sabem que é uma coisa errada, quanto a quem sofre a não ficarem caladas e pedir ajuda”, diz a estudante Giovana Oliveira Silva, que participa da atividade.

Já em outra unidade, no Jardim Esmeralda (Zona Oeste), a coordenação colocou um painel em cada classe com um espaço para que cada aluno informe como está se sentindo. Quando um estudante acumula muitos sentimentos negativos, os professores podem ficar mais atentos. Um grupo de diálogo também existe para apoiar quem quer se abrir.

A Secretaria Estadual da Educação disse que o bullying é objeto de trabalho de diversos projetos e que 3.500 profissionais da educação já atuam como mediadores de conflitos. A secretaria também diz que pretende ampliar esse número de profissionais ainda em 2018.

     Retirado do link :

https://g1.globo.com/google/amp/g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/casos-de-bullying-aumentam-8-em-escolas-estaduais-de-sp-diz-secretaria.ghtm    

Temer sanciona lei de reforço ao combate do bullying


   Lei estende obrigações estabelecidas em 2015 para que colégios ajam contra a prática


    O presidente Michel Temer (MDB) um texto que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e estabelece que escolas serão responsáveis por promover medidas de conscientização, prevenção e de combate a todos os tipos de violência, principalmente o bullying. Também deverão estabelecer ações voltadas à promoção de uma cultura de paz.
A lei sancionada por Temer amplia as obrigações das escolas que estavam previstas na legislação que criou o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying), sancionada em 2015 pela então presidente Dilma Rousseff (PT). 
Para o Governo, trazer esse tema para o âmbito da LDB reforçará as ações de combate ao bullying no ambiente escolar e com profissionais da educação.
Para a psicopedagoga e mestre em Educação Ana Regina Caminha Braga, a medida é importante para levar às escolas consciência sobre a necessidade de medidas que barrem a violência nas salas de aula, nos corredores, pátios e saídas dos colégios.
De acordo com a Lei n° 13.185/2015, o bullying consiste em todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-las ou agredi-las, causando dor e angústia às vítimas, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. 
“O bullying não é algo pontual e traz efeitos psicológicos e questões emocionais que influenciam os aspectos cognitivos”, afirma Ana Regina. Para ela, multiplicar ações voltadas à cultura de paz para toda a comunidade escolar, inclusive às famílias, é uma necessidade para conseguir resultados mais efetivos.

     Retirado do link :







                       

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Planta Sofre Bullying Durante 30 Dias E Os Resultados São Inacreditáveis



    Em um experimento, planta sofreu bullying durante 30 dias


              
Em uma campanha super inovadora e inteligente, a IKEA, empresa conhecida nos EUA e Canadá, resolveu disponibilizar duas de suas plantas para um teste contra bullying.
O experimento contou com duas plantas e centenas de crianças para ajudar a promover o esclarecimento sobre o Anti-Bullying Day – que ocorreu no dia 4 de Maio.
O Anti-Bullying Day surgiu no Canadá e é um dia onde as pessoas usam laranja, rosa, azul ou roxo para simbolizar a luta contra o bullying.
A ideia envolveu a empresa IKEA que levou duas de suas plantas para uma escola. Nessa escola, uma das plantas era alimentada com elogios e palavras de encorajamento; enquanto a outra era agredida verbalmente com palavras de ódio. Isso aconteceu por 30 dias consecutivos.
Os alunos poderiam ir pessoalmente ao local ou gravar suas vozes para serem usadas através de uma interação por mídias sociais. Dessa forma, os alunos podiam gravar as palavras de amor ou ódio e enviá-las para serem utilizadas com as plantas.
Após 30 dias, os resultados foram impressionantes e falavam por si mesmos. A planta que recebeu elogios continuava bem, enquanto que a planta que sofreu o bullying estava visivelmente mal. 
Ambas as plantas foram tratadas da mesma forma: receberam a mesma quantidade de água. Elas também foram expostas à luz do sol, água e fertilizantes. A única diferença entre o tratamento foram as palavras ditas às plantas.
Enquanto uma recebia palavras de encorajamento, a outra somente recebeu palavras de ódio durante os dias que se passaram.

Estudos na área

Esse experimento é muito importante para ajudar a esclarecer o quanto o bullying é prejudicial não só para humanos, mas também para o meio ambiente como um todo.
Além disso, esse teste mostra que as plantas são perfeitamente capazes de perceber agressões. Elas também parecem ter consciência do que acontece ao seu redor e até mesmo de intenções ocultas na mente humana.
O assunto já foi tema de importantes pesquisas e até de um livro: A Vida Secreta das Plantas, de Peter Tompkins e Christopher Bird.
Ao longo da história, a vida e sensibilidade das plantas foi sendo desvendada por diversas pessoas. Nas comunidades pré-históricas, os xamãs já sabiam que as plantas possuíam uma vida secreta. O místico alemão Jacob Boehme (1575-1624) também dizia ser capaz de penetrar na consciência das plantas.
Dessa forma, inúmeras pesquisas foram sendo conduzidas até que se tivesse uma percepção melhor sobre o assunto. O brasileiro Arlindo Tondin, mestre em eletrônica pela Universidade de Nova York, fez uma investigação para comprovar a tese da seiva. Ele fixou eletrodos próximo à raiz e num dos galhos de um limoeiro.
O engenheiro também averiguou se as agressões externas eram capazes de afetar a corrente elétrica que circulava na planta. Para saber mais sobre essa pesquisa, clique aqui.
Essa pesquisa faz parte de um conjunto de inúmeras descobertas que prometem revolucionar a visão que temos do mundo. É provável que haja um relacionamento mais harmonioso entre a natureza e o homem.

                   Retirado do link :






Brasileira lança aplicativo para alfabetização de crianças com autismo


   Com sua fundação nos Estados Unidos, ela desenvolveu um jogo interativo que estimula a compreensão e desenvolvimento da linguagem, um dos maiores desafios para aqueles que convivem com os autistas


                    
    Familiares e educadores que lidam com autistas recebem uma boa notícia. Eles agora podem contar com um pequeno ajudante na estimulação da linguagem e alfabetização das crianças portadoras do transtorno do espectro autista (TEA), o Brainy Mouse (Rato Inteligente ou Rato Atrevido).

Trata-se de um aplicativo para celulares e tablets(disponível para android e iOS), em formato de jogo, que de forma lúdica auxilia os pequenos neste processo de aprendizagem.

A brasileira Ana Sarrizo, presidente da Brainy Mouse Foundation, criou o aplicativo após 4 anos de pesquisa. Os resultados em grupos testes com crianças de Belo Horizonte e São Paulo têm sido muito satisfatórios. No mês passado, foi lançada uma versão em inglês e, agora, disponibilizam a versão em português.

O objetivo do jogo é trabalhar o desenvolvimento da linguagem porque este é justamente um dos maiores desafios para a educação dos autistas, no mundo inteiro. O jeito como pensam, assimilam e compreendem o mundo a sua volta é peculiar de tal forma que muitas vezes nem mesmo os familiares ou os educadores estão preparados para lidar.

“Imagine as dificuldades que já enfrenta um adulto autista, em um mundo que não está preparado para lidar com suas diferenças. Agora imagine um adulto autista e que ainda por cima não sabe ler e escrever”, explica a criadora do aplicativo Ana Sarrizo.

Estima-se que 3 milhões de brasileiros são autistas. Este dado é um reflexo do estudo divulgado pelo Center of Control and Prevetion, órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, que aponta a incidência de 1 a cada 68 crianças. Além dos desafios da doença, o maior entrave ainda é o preconceito. Vem dar uma olhada na interface do jogo e se encante:


Como funciona

O game trabalha a leitura da esquerda para direita, formação de palavras usando sílabas, interação com cores, sons e outros “dispositivos cognitivos”, que ajudam o usuário a trabalhar seu desenvolvimento de forma lúdica.

De forma bem interativa, a criança pode customizar seu ratinho, além de ser desafiada a conseguir “cheesecoin”, uma espécie de moeda virtual.

Uma das principais apostas do game é o dispositivo chamado “Rato Amigo”, que tem como objetivo trabalhar, de forma inconsciente, a atitude de pedir ajuda ao próximo, e assim estimular essa ação no dia a dia.
Como tudo começou

Em 2013, a pesquisadora Ana Sarrizo pensava apenas em contribuir com os portadores de TEA de Belo Horizonte, sua cidade natal. O resultado do projeto foi tão bem sucedido que um professor de Ana a aconselhou inscrever no prêmio Santander, do qual foi vencedor entre 17mil propostas voltadas para a educação.

Com a premiação de R$ 100 mil e uma bolsa no curso de empreendedorismo da Babson College, uma das mais importantes do mundo, decidiu criar a Brainy Mouse Foudation, nos Estados Unidos, ficando mais próxima das mais importantes pesquisas sobre autismo.

O objetivo da Fundação é ajudar instituições do mundo inteiro, familiares e educadores, que já trabalham com crianças e adultos com TEA, produzindo games e ferramentas que vão auxiliá-los no seu progresso dia a dia. 
Retirado do link :

http://razoesparaacreditar.com/superacao/brasileira-aplicativo-criancas-autismo/

Nem toda pessoa que se mata tem depressão', diz especialista em suicido


   Há 24 anos, a psicóloga Karina Okajima Fukumitsu, 46, se dedica a explorar profissionalmente um tabu, o suicídio. Seu envolvimento com o tema, porém, começou na infância. Sua mãe tentou se matar inúmeras vezes. Mais tarde, foi ela quem pensou três vezes na morte como possibilidade


                               
   “Comecei a estudar psicologia para compreender e poder ajudar pessoas que passam por um sofrimento existencial e, por isso, tentam se matar”, conta. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 800 mil pessoas tiraram a própria vida por ano no mundo . No Brasil, acontecem, em média, 11 mil suicídios em 12 meses, de acordo com levantamento do Sistema de Informação sobre Mortalidade.


Em 2016, foram registradas no país 30 mil tentativas de mulheres e 15 mil de homens. Para Karina, os altos números refletem também tentativas de comunicação. Apesar de homens tentarem menos, eles são as maiores vítimas letais, por usarem métodos mais agressivos.


“Suicídio é a concretização da falta de sentido da vida, é o ápice de um processo de ‘morrência’. Ele costuma ser cometido por alguém que está definhando existencialmente, que deixou de acreditar em sua própria capacidade , como ser humano, de transformar a dor em amor”, explica Karina.


A psicóloga recebeu a reportagem do UOL em seu consultório, em São Paulo, onde atende de adolescentes a idosos que tentaram ou cogitam o suicídio, para desmistificar essa morte violenta.


UOL: Como começou seu envolvimento com a questão do suicídio? 


Karina Okajima Fukumitsu: Eu tinha 8 anos quando começaram as crises suicidas da minha mãe. Aos 10 anos, me lembro claramente de ir ao pronto-socorro, tentando socorrê-la das várias tentativas de se matar. Em 1989, entrei no curso de psicologia para compreender esse fenômeno, ajudar quem queria se matar e acolher quem estivesse passando por sofrimentos existenciais.




Essa foi a causa da morte da sua mãe? 
Não. A última vez que ela tentou o suicídio foi em 2005, quando me declarei como suicidologista. Eu estava grávida do meu primeiro filho, o telefone tocou e ela disse que estava pensando em se  matar novamente. A gente falava abertamente do processo de ‘morrência’ dela. Pedi que tivesse calma, porque a morte viria para todo mundo, é uma condição do ser humano. Durante a conversa, tive um aborto espontâneo e vi minha mãe 
Renascer das cinzas, dizendo que eu a tinha convencido sobre ter uma missão de vida. Foi um verdadeiro paradoxo. Coincidência ou não, ela acabou desenvolvendo a doença do ‘coração grande’, uma miocardiopatia grave. Foram 18 internações até 2013, quando ela foi vencida pela doença.


De que maneira essa experiência ajudou você a seguir adiante?
Com a história dela entendi que é possível resignificar a vida, ter alguma esperança. Em 2005, durante o lançamento do meu primeiro livro, ‘Suicídio e Gestalt-Terapia’ 
, ela ficou do meu lado. Eu dizia que ela era minha coautora e ela se apresentava dizendo: ‘Oi, eu sou a kamikaze”. Ela é a prova de que o acompanhamento cura.




Você já pensou em suicídio? 


Sim, três vezes. A primeira aos 12 anos, meu pais tinham se separado e eu estava exausta de tantas brigas. Lembro de estar na cozinha e ter tomado medicamentos da minha mãe. Eu não queria mais viver.


. Quando ela me viu, perguntou o que eu estava fazendo. Respondi: “Exatamente aquilo que você sempre faz”. Ela me fez vomitar e nada aconteceu. Mas foi o mais próximo que cheguei do ato. Nunca mais falamos sobre isso. Depois, aos 


, aos 20 anos, descobri que um namorado de longa data me traía. Pensei na possibilidade da morte, mas não agi. A terceira vez foi em 2014, quando recebi o diagnóstico equivocado de esclerose múltipla. Fiquei internada por 13 dias  parei de andar, esqueci a ordem alfabética, os números e fatos da minha vida. No ápice do meu desespero, pensei novamente em suicídio. Mas me agarrei na certeza de que a vida não é do jeito que a gente quer. Me recuperei completamente .


Suicídio é hereditário?
Não, o suicídio não corre nas veias. Só que existem modelos de repetição de enfrentamento que são prejudiciais, é o que a gente chama de “transmissão psíquica geracional familiar”. Alguns comportamentos tóxicos  da família se repetem. Se a gente não tiver plena atenção, entra num círculo vicioso. Cabe a cada um construir novas modalidades de responder às adversidades da vida.


Por que ainda é um tabu?
Porque é uma morte violenta, repentina e que confronta exatamente o sentido de instinto sobrevivência que aprendemos. É quando a pessoa começa a acreditar que a morte é mais interessante que a vida.
Às vezes, a pessoa não quer morrer, ela só quer matar uma parte dela que está causando sofrimento. Viver sem sofrer é uma utopia. Por isso, precisamos trabalhar a tolerância existencial.


Por que suicídio é visto como algo abominável?
Não temos tempo e espaço para lidar com a vulnerabilidade humana. Isso que o torna abominável. Ele escancara aquilo que mais se quer esconder, sentimentos indesejáveis, como tristeza, raiva, fraqueza. Não cabe a ninguém julgar o outro. Suicídio não é loucura, fraqueza, covardia ou coragem. O suicidologista norte-americano Edwin S. Shneidman, referência no assunto, o definiu como um ato definitivo  para um problema que deveria ser temporário.


É irresponsável defini-lo como uma escolha pessoal?
 Não. Se a gente pensar que cabe a cada um sua própria vida, o mesmo vale para a morte. Mas o ideal é que ela seja natural. Então, cada ser humano deve se apropriar e zelar pelos seus sentirmos  e pedir colo quando eles estiverem borbulhando. Costumo dizer que suicídio é uma dor sentida, mas não consentida . Criei um mantra que é: se tem vida, tem jeito.


Como você avalia o cenário brasileiro?
Infelizmente, estamos entre os dez países com as maiores taxas de suicídio do mundo. Está mais perto do que imaginamos. É muito comum conhecer alguém que se matou, só que preferimos fingir que não existe. Lamento que seja um problema de saúde pública, mas não existam planos de prevenção efetivos. O Ministério da Saúde trouxe uma possibilidade de diminuir os números até 2020. Na prática, porém, nada está sendo feito para isso .


Há poucos profissionais dedicados a isso?
 Vejo poucos profissionais treinados para acolher o sofrimento humano. Quando uma pessoa está desesperançosa, desamparada e/ou desesperada –o DDD da cartilha da psiquiatria--, precisamos  encontrar uma maneira de mostrar a ela um sentido para sua vida. Já ouvi muito médico dizendo que quem tenta o suicídio atrapalha o tempo deles.
Quando eu levava a minha mãe ao hospital, lembro das enfermeiras dizendo:
 “Dona Yoko a senhora não tem o que fazer a não ser tentar se matar? Não tem dó dessas meninas que te trazem aqui há tanto tempo? De pessoas que estão querendo viver?”. Esses comentários machucam ainda mais a pessoa que está em sofrimento.Se não houver resignificação, vai acontecer novamente. Quando há diagnóstico de transtorno mental, a reincidência acontece entre 40% e 50% dos casos .


Existem grupos de vulnerabilidade?
Sim. A comunidade LGBT, as vítimas de violência doméstica e aqueles diagnosticados com doenças mentais. Ou seja, grupos que não têm suas dores legitimadas nem espaço para expor suas vozes e se defenderem.




Quais são os sinais de alerta de quem pensa em se matar?
Isolamento, abuso de álcool e drogas, e qualquer mudança abrupta de comportamento. Há sinais indiretos também. É preciso estar atendo a quem começa a se desfazer de coisas importantes, a declarações de amor inesperadas e quando a pessoa usa expressões como “pode ser tarde”, “não vou dar mais trabalho”.
Tem ainda a “falsa calmaria”, que é o caso de quem sempre falou que ia se matar , que é o caso de quem sempre falou que ia se matar e parou de comunicar de uma hora para outra. Isso é uma pegadinha. Ela fica quieta para não ser interrompida. Prevenir é olhar para esses sinais e tentar criar espaços de diálogo.




A depressão é um fator comum aos suicidas?
Não, acho reducionismo pensar assim. Não necessariamente uma pessoa que se mata é deprimida, apesar de existirem vários casos de pessoas que tinham depressão e se mataram. Quando isso acontece, é que elas perderam o sentido de viver.


Quais são os maiores mitos sobre suicídio? O principal é achar que se vai provocar o suicídio ao perguntar diretamente para a pessoa se ela está pensando em se matar.
O suicídio é um ato de comunicação. E a pessoa, na maioria das vezes, tenta comunicar em morte o que ela gostaria de comunicar em vida. Precisamos falar abertamente sobre isso. Os sinais de alerta são pedidos de acolhimento.


E se a pessoa nos disser que quer se matar?
 Pergunte de volta como pode ajudar. É muito equivocado achar que quem tenta se matar está querendo só chamar atenção. Aliás, acho ótimo que eles chamem atenção. Prejudicial é tratar com desprezo. Se você não der atenção agora, vai se sentir culpado mais tarde por não ter atendido ao chamado de um ente querido.

O que você mais ouve de quem quer se matar?
 “Eu não vou aguentar se algo acontecer”. “Se eu fracassar, não vou suportar.” Ela começa a antecipar tudo o que ela imagina que de pior vai acontecer, porque não sabe lidar com situações de fracasso. Diante do desespero, num ato impulsivo, ela tenta o suicídio.

É um processo?
Salvo os casos de impulsividade, que acontecem em menores proporções, o comportamento suicida passa pelo pensamento, ideação, planejamento e só então chega ao ato .


É perverso buscar as motivações daqueles que tentam se matar?
Acho que é elucubração, porque não existe uma única causa para o suicídio. Mas é importante entender a fantasia da pessoa na tentativa. O que ela queria matar? O que ela queria que morresse? Já quando a morte é consumada, ela leva toda a verdade.

O que buscam os sobreviventes do suicídio?
Existem dois grupos de sobreviventes: aquele dos que tentaram, mas não tiveram a morte consumada, e os enlutados pela morte de alguém próximo.
Os dois buscam a mesma coisa, um acolhimento . O problema é que ainda existe um forte julgamento, quem tentou ou se matou é visto como louco. Não quero normalizar o suicídio, quero deixar claro que disfuncionalidade acontece com todo mundo .


Procurar culpados é um caminho positivo?
De jeito nenhum. Como diz o filósofo Jean-Paul Sartre, “nós somos aquilo que nós fazemos com o que o outro faz da gente”. E esse foi um dos grandes problemas da série “13 Reasons Why”. A A personagem principal fica culpando os outros por suas escolhas erradas e em nenhum momento exercitou a capacidade de enfrentamento. Mais grave ainda foi mostrar a maneira como ela se matou. Isso é grave.


Onde buscar ajuda?
Não existe uma única fórmula. Vale procurar desde alguém próximo, até especialistas. O Centro de Valorização à Vida é um ótimo caminho. O que digo sempre para as pessoas em sofrimento é: acredita que você merece  receber amor e ajuda.


O quão pesado é lidar com a morte tão de perto?
Acho que a gente lida muito mal com aquilo que é mais nosso. A única certeza que temos é a de que morreremos. Precisamos falar mais sobre isso. Ela faz parte do nosso desenvolvimento Só que, no intervalo entre nascer e morrer naturalmente, precisamos aprender a viver com qualidade.


Retirado do link :






                                

terça-feira, 17 de julho de 2018

ACONTECEU COMIGO: A música é a trilha sonora da vida e da memória de cada um de nós, sem ela poderíamos dizer que a vida seria como um filme cinza e sem emoção.





Gabriel De Lucca é jornalista criador do projetobollying e também autor responsável pelos textos dessa coluna .


Redes Sociais e outros contatos













 ACONTECEU COMIGO

perfis,crônicas e outros textos que envolve superação ,experiências pessoais e bullying
                                           
                                                 

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Para educar, é preciso estar encantado



   O trabalho com a natureza naturalmente nos incita a buscar coerência nos pequenos – e importantíssimos – detalhes do processo de ensino-aprendizagem



                                 
Em nossos cursos de formação de educadores, temos cada vez mais certeza de que é preciso oferecer uma experiência pedagógica que seja, ela própria, o conteúdo, aquilo que os educadores-aprendizes precisam integrar.
Aprender pela experiência, aprender fazendo é o que nos parece ser o mais efetivo para este tipo de educação.

Isso significa que precisaremos de uma mudança radical nos modos como os encontros de educadores geralmente acontecem. Se isso não acontecer, como é que vão mudar suas relações com as crianças?

Dizemos isso, pois percebemos que, da mesma maneira que há séculos repetimos um ciclo de sistematização do ensino-aprendizagem na escola, estes mesmos sistemas ainda fazem parte dos estudos dos educadores, como uma forma natural de auto-reprodução. Mas, se questionamos alunos enfileirados, dentro da sala de aula, todos fazendo e repetindo a mesma ação, ao mesmo tempo, como transformar isso, se as formações de educadores acontecem da mesma maneira? Se elas não se transformam também?
É preciso viver. É preciso sentir. É preciso se encantar.
Há muito mais possibilidades para um educador vivenciar momentos encantadores com suas crianças se ele se sentir encantado, antes, se ele perceber a necessidade de estar em permanente processo de aprofundamento da própria percepção. E isso só acontece quando a aprendizagem está encarnada, vivida e sentida em nossos corpos, através de experiências que nos fazem perceber o mundo, o presente, nos conectarmos com nós mesmos.
Em seu texto Experimentação pelas Creanças: a brincagogia sensível, o professor Marcos Ferreira dos Santos nos traz uma perfeita definição de educar: “do latim ex ducere, significa conduzir para fora, criar condições, preparar o terreno, cuidar para que o outro possa ser ele mesmo e, assim, construir a humanidade de que é portador como potência, como possibilidade. Dar-lhe instrumentos para sua busca contínua de ser ele próprio”.

Como preparar o terreno para que o outro seja ele mesmo e construa sua humanidade se não lhe oferecermos oportunidades para sentir a si mesmo, perceber a si mesmos e se encantar com aquilo que vivencia? Mas, para encantar os outros é preciso estar encantado.
Se encantar com a natureza é uma forma de amar. Ainda citando Santos, a palavra “amor” se compõe, em latim, do negativo “a” e do substantivo “mors” (morte). Portanto, o amor, em seu sentido etimológico é o apelo de vida (Eros) em oposição a morte (Thanatos).
O amor é o sentimento provocativo que nos vivifica e nos anima, nos preenche de anima, de alma, de sensibilidade. Portanto, quem tem sua sensibilidade desperta e refinada pelo exercício constante da diferença, da pluralidade e da multiplicidade de linguagens conseguirá desenvolver essa paixão em suas atitudes.
Assim, percebemos que o momento atual em que vivemos, exatamente com todos os seus conflitos e desafios, é bastante propício para que se consolidem novas formas de educar, mais coerentes com o processo vivo do qual cada um de nós é portador.

  Retirado do link :


"Não é mimimi: bullying pode levar ao suicídio", diz vítima de agressão... -


   A história de Thieres Duarte, que vive no interior de Minas Gerais, foi contada primeiro por ele, resumidamente, na página oficial do UOL no Facebook  

                          



                         

   Ele aceitou o convite para que os usuários da rede social compartilhassem na fanpage do UOL casos de bullying que conhecessem ou tivessem sofrido, além de expressarem sua opinião sobre o problema. Mais de 300 pessoas participaram do debate.




O bullying, termo que vem da palavra inglesa "bully", que significa brigão ou valentão, caracteriza a situação de agressões intencionais e repetitivas, verbais ou físicas, por uma ou mais pessoas contra um ou mais colegas. Pode acontecer no ambiente escolar, em casa ou no local de trabalho.




A história de Thieres explicita as consequências do bullying, sofrido ainda na infância, quando a pessoa se torna adulta.


"A partir daí, nunca mais tive coragem de apresentar um trabalho", lembra ao falar da humilhação sofrida durante uma apresentação na escola. O mesmo trauma o levaria a abandonar, anos depois, a faculdade.


Ele resume a discussão sobre o bullying dando à questão o peso que merece. Bullying, como sugere, pode levar até ao suicídio. É uma violência grave e de consequências marcantes. Leia o depoimento de Thieres ao UOL.


"Meu nome é Thieres Duarte, completo 25 anos no próximo dia 15 de janeiro. Nasci em João Monlevade [município do interior de Minas Gerais, a 110 km da capital], e moro em Bela Vista de Minas [município vizinho]. Meu pai e irmão  são operadores de máquina, minha mãe é microempresária. Tenho nível superior incompleto em administração.


Sofri bullying na escola, na rua e em casa Pelo meu jeito quieto, tímido, já entendiam que eu era diferente. Deduziam já cedo que eu era gay, antes mesmo de eu saber. Os colegas de sala começavam a zoar, chamando de veado, boiola  
bichinha. Empurravam a minha carteira em direção a mim, às vezes me encurralavam em cantos enquanto algum responsável não via.


Teve momentos em que, quando eu estava na fila para sair da sala, pisavam no meu tênis machucando o meu pé, eu por medo ou por algum motivo que não sei explicar me sentia acuado, não reagia, não falava para ninguém.


No ensino médio, por causa do meu jeito de ser, as implicâncias comigo continuaram. Na época, fui para outra cidade estudar, já que na cidade em que morava eu continuaria com a turma de infância. Achei que ia mudar, mas foi a mas foi a mesma coisa: recebia os insultos, apelidos e foi a fase que mais me deixou marcas.


De um dia me recordo muito bem. Quando fui apresentar um trabalho de química, na minha vez de falar, uma turminha no fundo começou a fazer gestos insinuando que eu era gay. 


Com 17 anos eu não era assumido, estava tomado de incertezas sobre quem eu era. Naquele momento ver aquele pessoal me expor, a turma rindo e o professor nem aí, como se aquilo fosse normal e fizesse parte da aula, me traumatizou.




Um jogou bolinhas de papel em minha direção, eu continuei a apresentar com o coração acelerado, me sentindo horrível por dentro, mas continuei porque era o último do ano e precisava de ponto. A partir daí, nunca mais tive coragem de apresentar um trabalho.



'Preferia um filho morto a um filho gay' Ser gay me fez sofrer durante anos. Também sofri muito bullying em casa por parte de mãe, tias, irmão. Minha família nunca aceitou e, quando assumi em casa, aos 21 anos, ouvi absurdos como 'preferia um filho morto a um filho gay', que eu era 'doente', que eu 'não valia nada', era 'um zero à esquerda'. Isso tudo me fez pensar em me suicidar.






Meu pai é muito calado, apenas disse que não queria problemas perto dele, ou seja, para não trazer ninguém que eu namorasse. Em outubro passado, ele entrou em depressão profunda, tentou se matar de formas horríveis, eu e minha mãe que salvamos. Alguns da família disseram que, entre os vários motivos da depressão, um era eu ser gay.




'Bullying é sério, deixa marcas e mata' Não é frescura, somente quem passa sabe o que é. É como depressão: muita gente ainda pensa que é frescura, mas é um caso sério, deixa marcas e mata. O bullying mexe com a alma de quem sofre o ataque, é bem lá no íntimo de cada um.


Gostaria que as pessoas que dizem que é mimimi se colocassem no lugar de quem sofreu algum ataque, se imaginassem naquela situação sem o apoio de ninguém, calado, ouvindo os insultos. Será que se sentiriam bem?


As consequências em minha vida foram sérias. Me tornei um cara extremamente envergonhado, tímido e inseguro. Fiz teatro por quatro anos para tirar essa timidez, me libertei muito, mas acabou voltando. Quando entrei na faculdade de administração, já entrei imaginando como seria o primeiro trabalho, meu coração já acelerava meses antes.




Quando chegou o dia, tudo decorado, pronto, na minha vez de falar eu olhei para a turma e me lembrei do ensino médio. Comecei a tremer, a mão não parava quieta, a voz não saiu, eu já imaginei que eles estavam me julgando  em pensamento e não saiu nada. Eu fiquei parado, o próximo a apresentar do meu grupo falou a minha parte, eu saí duro da sala e comecei a chorar, tranquei a faculdade e até hoje tento voltar.


Eu sei que tenho de lutar contra isso, mas é uma força dentro de mim que me faz voltar lá no passado e relembrar tudo. Talvez precise de um psicólogo, em que ainda não fui. Esse medo de ser julgado e humilhado foi a marca horrível.


Me tornei um cara extremamente envergonhado, tímido e inseguro.




Apesar de tudo, tenho um livro publicado, 'As Aventuras de Superzil' [Chiado Editora].  É um super-herói que eu queria ser desde criança e há dois anos resolvi publicar. Acho que para realizar esse sonho e dar vida a esse herói que eu queria ser. É um humano resolvendo os problemas. Sou bom em textos, sou um cara bacana, cheio de ideias criativas, mas que não consigo executar com esse medo que me bloqueia.




Alguns traumas consegui superar, sim, mas não consegui superar ainda o medo de expor minhas ideias, falar em público, sempre tenho medo de sofrer ataques de novo. Mas sou feliz com o que sou, me aceito, não tenho ódio nem guardo rancor do que passei, apenas gostaria que fosse tudo diferente .

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