segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

O silêncio da violência doméstica contra homens


 Não há estatísticas oficiais de violência doméstica contra os
 Homens no país, e os poucos estudos realizados a respeito não têm a devida visibilidade


Diversos países buscam soluções para a violência conjugal, vez
que violência não tem sexo, enquanto o Brasil segrega a população
 até mesmo na possibilidade de denúncias de violência doméstica,
não sendo permitido ao homem ter voz, obrigando-o a conviver
diariamente com essa invisibilidade.

Historicamente atribuiu-se a mulher o caráter de mansa, serena,
 inofensiva e incapaz de praticar crimes, tabu esse que percorre a
 sociedade até o presente. A ausência de cuidado e observância
 nas infrações praticadas por mulheres e discussões a respeito,
amparam condutas criminosas.

Culturalmente aceita-se os atos de violência feminina com
esculpo de que em geral não são físicas, e caso seja, não são
potencialmente danosas como as violências oferecidas pelo sexo
masculino. Com a construção estereotipada da mulher e suas
 simbologias, tornou-se intrínseco acreditar na simpatia e
receptividade feminina. A simbologia da mulher foi fabricada
 baseando-se exclusivamente na capacidade de gerar vida.

Cesare Lombroso, pai da criminologia moderna, em seu livro
 La donna delinquente, explicou que a fisiologia da mulher
desde a sua concepção já demonstra passividade e inércia, vez
que o óvulo permanece imóvel em relação ao espermatozóide, e
 essas características fisiológicas também seriam características
 inerentes a personalidade.

Espinoza, todavia, completa que “ela é potencialmente amoral,
quer dizer, enganosa, fria, calculista, sedutora e malévola”.
Lombroso propôs ainda, que no lugar da imposição de penas
restritivas de liberdade, fosse aplicado penas que atingissem
 a vaidade feminina, por exemplo, cortar o cabelo ou privar de
acessórios e maquiagens.
Além da diferença e justificativa fisiológica, Lombroso acreditava
que características de ordem biológica também influenciavam as
mulheres á praticas delituosas:
A mulher ficava mais suscetível a práticas criminosas quando
 influenciada por elementos biológicos, tais como a puberdade, a
 menstruação, a menopausa, o parto, uma vez que, no período
 desses acontecimentos, ela se mostrava mais irritada, instável,
 agressiva e psicologicamente abalada.
(LOMBROSO, apud SOHIET, 1989)

Lombroso contribuiu para a formação equivocada de criminalidade
 feminil como numericamente inferior a praticada pelos homens,
 atrelando-a também a concepção materna e biológica.

O resultado desse tratamento foi a inserção no seio da sociedade
 do conceito de “criminalidade feminina”, que explica toda a
delinquência praticada pelas mulheres como passionalidade,
 revolta ou emoção, todavia, hoje se verifica que além de ciúmes,
traições, maus tratos anteriormente sofridos ou proteção da prole,
as mulheres cometem delitos contra vizinhos, amigas, colegas
de trabalho e qualquer outra pessoa conhecida ou não, que
possam ter se desentendido, e agem por vingança, por vezes
 de modo premeditado.

Só lhes são atribuídos os crimes relacionados aos atributos de
 ordem biológica que influenciam uma ação delituosa típica na
mulher: o aborto, procurado indistintamente por qualquer mulher e
 ocasionado por vários fatores; o infanticídio, quando a mãe mata
 o próprio filho, e o mariticídio, quando a mulher mata o marido.
 (TIRADENTES, 1978 p. 65).

Lombroso, além da criminalidade feminina, trouxe o conceito de
 três grupos de mulheres que não seguiam os padrões da
 normalidade, ocupando-se da prostituição ou criminalidade.
As criminosas natas, mais perversas e próximas as características
 masculinas; as criminosas por ocasião, que eram dissimuladas
com tendências delitivas e no último grupo, as criminosas por paixão,
que agiam de acordo com suas paixões.
Outro estudioso, Durkeim, realizou uma análise sociológica da
criminalidade feminina e no final do século XIX observou a
 disparidade na justiça entre os sexos e explicou que a educação
dada ás mulheres, pelos pais e professores era mais gentil que a
oferecida aos homens, permitindo ao grupo
 feminino um verdadeiro deleite pelo excesso de cuidado,
numa espécie de carta branca e escudo para o exagero de
sentimentos, emoções e reações, inclusive criminosas, o que pode
ser observado com frequência até os dias atuais.

A gente vê que muitas delas têm uma frieza, até mesmo assim,
 muitas vezes elas usam os filhos pra poder as pessoas ter pena
 delas. “Coitada, tá presa, Os filhos e tudo…” Aí quando chega lá
fora não querem saber dos filhos do mesmo jeito. Por exemplo:
você vê que fica assim horrorizada, não que elas não tenham
sentimento, têm. Mas elas usam aqueles sentimentos dela…
eu acho que ela usa muito mais a questão sentimental pra fazer
um escudo pra ela. – Agente de pastoral carcerária.
(ALMEIRA, 2001, p. 74)

Além da possibilidade livre para exageros emocionais e reações
descontroladas explicadas pelo estudioso, Durkeim trouxe com
clareza que as mulheres cometem delito, porém o seu público, ou
vítimas tem perfil mais especifico e silencioso, crianças e velhos, e
a facilidade para ocultar tais crimes se dá pelo fato de ocorrerem no
âmbito familiar e privado.

Ao longo da história criou-se privilégios de sexo, também
 denominado por Colette Parent, de “proteção cavalheiresca”,
 que deve ser superada, pois esses privilégios criam
 responsabilidades penais discriminatórias e impactos no
 aumento da violência no país,
 mesmo que as repercussões sejam omitidas e manipuladas.

O stress diário decorrente de humilhações e agressões
psicológicas e verbais, aliado a automedicação ou consumo
 exacerbado de substancias prejudiciais ao organismo,
potencializam o desequilíbrio emocional do homem.
O silencio social retira a fala da vítima, que é obrigada a
permanecer calada, por vergonha dos amigos, familiares e até
mesmo de profissionais da saúde. Um ciclo que parece não ter
fim e que fragiliza o agredido a ponto de ver o suicídio como
única  esperança de se libertar.

O suicídio em diversos casos é uma surpresa para todos a
sua volta, ou não chega sequer a ser cogitado, afinal, como
pode um homem  bem-sucedido, casado e as vezes com filho,
retirar a própria vida num acidente de trânsito, ou meio a
misturas equivocadas de medicamentos? O tabu da violência
sofrida pelos homens nas relações conjugais é tão dominante,
que nem mesmo a morte é capaz de quebrar o seu silêncio.

O Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde
 Jorge Careli (Claves) da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro,
 realizou um estudo sobre agressões no namoro com 3.200 estudantes
de 104 escolas públicas e particulares, em 10 estados, e revela que
9 em cada 10 adolescentes praticam ou sofrem violência no namoro;
 30% das meninas agridem fisicamente o namorado (tapa, puxar
cabelo, empurrar, desferir soco e chute); 17% dos meninos agridem.

Um dos primeiros estudos que investigou os abusos sexuais cometidos por mulheres contra os homens, foi realizado no Reino Unido em 2017, com 200 homens. O resultado
 mostrou que 80% dos homens nunca contou o ocorrido e 74,5%
não procurou qualquer tipo de apoio.
Segundo a autora da pesquisa, 20,9% dos homens relataram
consequências emocionais negativas. O fundador da Survivor
 Manchester, organização de apoio à homens vítimas de violência
sexual, disse:
É um estudo revolucionário feito pela doutora Weare. Eu fiquei
muito contente de apoiar a pesquisa, porque ela traz luz à um dos
 últimos tabus na sociedade: homens vítimas de mulheres.
Temos de romper o silêncio e deixar os homens saberem
que estamos aqui para ouvi-los e apoiá-los.

Diante da ausência de dados oficiais no Brasil sobre a violência
conjugal contra os homens, realizou-se um questionário no
 googleforms, e disponibilizado em redes sociais
 (páginas e grupos do facebook), para o público masculino
 responder, com a participação de 833 homens, entre o dia
 14/04/2018 e 24/04/2018
 Entre as perguntas:

1. Já sofreu algum tipo de violência nas relações intimas de afeto?
63,6% sim (521 pessoas); 15,6% talvez (128 pessoas) e 20,8% não
 (170 pessoas)
2. Justifica tudo o que faz, e quando se esquece ou não tem tempo,
ocorrem brigas? (ou já passou por isso em algum relacionamento?)
78,6% sim (629) e 23,3% não (190)

3. Não pode estar com amigos ou sua família porque ela tem ciúmes?
 (ou já passou por isso em algum relacionamento?) 63% sim (516) e
37% não (303)
4. A mesma mulher praticou mais de uma dessas condutas e
em momentos diversos? 81,4% sim (667) e 18,6% não (152)

5. Pode relatar o que sentiu após a violência sofrida, praticada ou
 retribuída? Recebi só no espaço aberto do questionário 464 relatos,
além de outros em redes sociais.

Por meio do questionário verificou-se que os próprios homens não
sabem identificar a violência afetiva – na primeira pergunta
63,6% (521) disse que sofreu violência afetiva, já ao final do
 questionário o número elevou-se para 75,3% (615) – e que um
 grande percentual naturaliza como comportamento feminino a
 invasão de privacidade, perseguição, posse, tapas, ser atingido por
 objetos e destituído de contato com a própria família, amigos e
lazer individual.

Omitir-se à frente de injustiças, também é praticá-las! E hoje,
infelizmente muitos lares cristãos se corromperam e tais violências
ocorrem embaixo do teto de mulheres que deviam agir com sabedoria
 e modéstia, pois foram ensinadas á mansidão, sensatez e o amor.

Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as
próprias mãos. – Provérbios 14:01

A mulher que violenta o esposo, em sua grande maioria
 psicologicamente, desequilibra emocionalmente o marido, e pai
dos seus filhos, colocando em risco a saúde mental e
 consequentemente a disposição para o trabalho e vida financeira
da família. Além da violência doméstica ser criminosa, é um ato
contrário ao bom senso e à inteligência.

A mulher em quem não se pode confiar é uma podridão para os
 ossos do homem, uma dor dedente e uma distensão no tornozelo
– Provérbios 12:4; 25:19
Não seja essa mulher, nem quem apoie a violência ou ridicularize
o sofrimento do homem, que é vítima.


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