segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

BULLYING é brincadeira de criança? –



    Entrevista com Especialista



                                 

1. Bullying é brincadeira de criança?

Não mesmo, em uma brincadeira todos se divertem já no bullying 
Uns se divertem à custa do sofrimento de outra pessoa. Também não é uma indisciplina própria da fase dos adolescentes e muito menos uma disputa entre alunos por liderança, como quer nos fazer crer as coordenadoras de ensino pedagógicas. O bullying é muito mais perigoso do que supomos, ele é uma questão de saúde pública.

2. O bullying escolar é um fenômeno do mundo moderno?

Alguns teóricos afirmam que é um comportamento milenar, que lamentavelmente, faz parte da natureza humana. A partir da década de 70 começou a ser estudado como   atos de intimidação física ou psicológica exercido de forma continuada sobre os colegas.
 Os adolescentes não passaram a sofrer ameaças, receber apelidos ou provocações só a partir da década de 70, quando pela primeira vez se falou sobre esse tipo de intimidação dentro escola. No Brasil, a discussão é recente iniciou-se no ano 2000.
3. O que leva uma criança a 
praticar bullying contra outra criança?

Existem muitas pesquisas que vão dizer que o agressor já foi uma vítima, outros dirão que o agressor precisa se auto-afirmar, por isso necessita subjugar um colega mais vulnerável ou sofre com a violência doméstica e repete o que vivencia em casa.
Enfim, temos uma infinidade de hipóteses que tanto pode ser de cunho social, psicológico ou desvio de caráter mesmo. A certeza da impunidade também favorece a prática do bullying , uma vez que o bullying por não ser tipificado no Código Penal enquanto crime , não é levado a sério.
4. Aquele aluno espectador que
 dá risadas ou se omite na defesa da vítima também pratica bullying?

De certa forma sim, a platéia ajuda a perpetuar o bullying, porque o agressor está em busca de autoafirmação e poder, se alguém conseguir quebrar o ciclo de agressões o bullying tende a cessar.
 Vou dar um exemplo; certa vez uma aluna disse em um grupo de WhatsApp ao ser criticada pela agressora, que não era amiga da colega – vítima, ao negar a amizade podemos perceber que essa menina está com medo de ser a próxima vítima.
 Vale lembrar que em situações de bullying todos estão sofrendo. De modo que, a platéia pode interromper o ciclo de agressões, o silêncio e as risadas desses alunos reforçam o poder do agressor. Sem apoio o agressor  não terá campo fértil para continuar.
5. Quais os danos causados 
na vida das vítimas de bullying?

O bullying devasta a vida da vítima para sempre, ceifa a vida acadêmica e social do adolescente.
Atualmente sabemos que o bullying, traumatiza tanto quanto o abuso sexual e a violência doméstica. Ele não é mais só uma parte infeliz do crescimento. Ele pode causar mudanças a longo prazo no cérebro que leva a déficits cognitivos e emocionais graves. Sofrer intimidação é uma experiência estressante.
As pesquisas do campo da neurociência estão ajudando a reformular o bullying como uma forma grave de trauma de infância. Não são raros os casos de depressão grave, o abandono escolar e o suicídio também chamado de bullycídio.
6. Quando você acredita ser recomendado trocar a criança que sofre bullying escolar ou 
você não recomenda tal ação dos pais?

O ideal é que o ciclo de agressões seja interrompido e a vítima permaneça na mesma escola, mas na prática não é isso que acontece. Como a maioria das escolas são omissas em casos de bullying e possuem programas anti-bulying inócuos, a mudança se torna necessária para garantir a integridade física e psicológica da criança.
7. Como o professor pode 
suspeitar que um dos seus alunos está sofrendo bullying na escola?

O comportamento da vítima muda, fica mais isolado, é preterido nos trabalhos em grupo, nas aulas de Educação Física é sempre o último a ser escolhido, lancha sozinho, não é convidado para festas ou passeios, os pertences são subtraídos e até mesmo marcas no corpo, as notas começam a declinar sem uma explicação lógica.
O professor deve observar e ajudar a interromper o ciclo das agressões. Vale lembrar que nem toda violência é bullying, mas todo bullying é uma violência.
8. O que o professor pode fazer  em sala de aula quando um aluno com deficiência sofre bullying?

Não permitir humilhações, gozações, “ brincadeiras” e sobretudo não rir quando isso acontece, muitas vezes o comportamento do professor pode dar ao agressor permissão para atacar o colega. Acudir a vítima sempre, muitas crianças não sabem o que fazer para sair do problema ou como se defender.
9. Na prática, como a escola pode combater o bullying?

Em primeiro lugar reconhecer que o bullying acontece,conheci uma diretora que afirmou certa vez que, em 30 anos de profissão nunca ouviu falar em bullying na sua escola. O que me faz crer que ela não sabe o que é bullying. Não se combate aquilo que não se conhece.
Criar programas de enfrentamento ao bullying é imperativo nas escolas, mas não significa que é somente pregar cartazes pela escola ou passar filmes e achar que isso é programa anti-bullying.
 É preciso, sobretudo, uma grande reflexão com os alunos e pais. Criar uma política na escola de tolerância zero para o bullying. Contratar pessoal especializado para trabalhar essas questões caso não tenha pessoal capacitado para isso. Eu creio que a escola em primeiro lugar pode fazer uma pesquisa com os pais e os alunos para verificar a incidência de bullying. Dá trabalho.
10. Os pais devem se preocupar ao matricular seu filho em 01 escola que não desenvolve programas preventivos contra o bullying?

Os pais devem se preocupar muito, da mesma forma que se preocupam com o ranking das escolas no ENEM ou em outras pesquisas.Quanto vale a vida do seu filho? É uma pergunta que deve ser pensada.

Pais e mães investem pesado na busca de uma boa formação ao rebento, entretanto, uma boa educação, porém, vai além de uma ótima instituição de ensino, uma vez que o bullying pode interromper a vida acadêmica do filho.
LUCIA HELENA DINIZ SANTIAGO
Ativista | Pedagoga com Especialização em 
Psicopedagogia Clínica

Retirado do link :



Nenhum comentário:

Postar um comentário