Entrevista com Especialista
1. Bullying é brincadeira de criança?
Não
mesmo, em uma brincadeira todos se divertem já no bullying
Uns se
divertem à custa do sofrimento de outra pessoa. Também não é uma indisciplina
própria da fase dos adolescentes e muito menos uma disputa entre alunos
por liderança, como quer nos fazer crer as coordenadoras de ensino pedagógicas.
O bullying é muito mais perigoso do que supomos, ele é uma questão de saúde
pública.
2. O bullying escolar é um fenômeno do mundo
moderno?
Alguns
teóricos afirmam que é um comportamento milenar, que lamentavelmente, faz parte
da natureza humana. A partir da década de 70 começou a ser estudado como
atos de intimidação física ou psicológica exercido de forma
continuada sobre os colegas.
Os adolescentes não passaram a sofrer ameaças,
receber apelidos ou provocações só a partir da década de 70, quando pela
primeira vez se falou sobre esse tipo de intimidação dentro escola. No Brasil,
a discussão é recente iniciou-se no ano 2000.
3. O que leva uma criança a
praticar bullying contra outra criança?
Existem
muitas pesquisas que vão dizer que o agressor já foi uma vítima, outros dirão
que o agressor precisa se auto-afirmar, por isso necessita subjugar um colega
mais vulnerável ou sofre com a violência doméstica e repete o que vivencia em
casa.
Enfim,
temos uma infinidade de hipóteses que tanto pode ser de cunho social,
psicológico ou desvio de caráter mesmo. A certeza da impunidade também favorece
a prática do bullying , uma vez que o bullying por não ser tipificado no
Código Penal enquanto crime , não é levado a sério.
4. Aquele aluno espectador que
dá risadas ou se omite na defesa da vítima
também pratica bullying?
De certa
forma sim, a platéia ajuda a perpetuar o bullying, porque o agressor está em
busca de autoafirmação e poder, se alguém conseguir quebrar o ciclo de
agressões o bullying tende a cessar.
Vou dar um exemplo; certa vez uma aluna disse
em um grupo de WhatsApp ao ser criticada pela agressora, que não era amiga
da colega – vítima, ao negar a amizade podemos perceber que essa menina está
com medo de ser a próxima vítima.
Vale lembrar que em situações de bullying
todos estão sofrendo. De modo que, a platéia pode interromper o ciclo de
agressões, o silêncio e as risadas desses alunos reforçam o poder do agressor.
Sem apoio o agressor não terá campo fértil para continuar.
5. Quais os danos causados
na vida das vítimas de bullying?
O
bullying devasta a vida da vítima para sempre, ceifa a vida acadêmica e
social do adolescente.
Atualmente sabemos que o bullying, traumatiza tanto quanto o abuso sexual e a violência doméstica. Ele não é mais só uma parte infeliz do crescimento. Ele pode causar mudanças a longo prazo no cérebro que leva a déficits cognitivos e emocionais graves. Sofrer intimidação é uma experiência estressante.
Atualmente sabemos que o bullying, traumatiza tanto quanto o abuso sexual e a violência doméstica. Ele não é mais só uma parte infeliz do crescimento. Ele pode causar mudanças a longo prazo no cérebro que leva a déficits cognitivos e emocionais graves. Sofrer intimidação é uma experiência estressante.
As
pesquisas do campo da neurociência estão ajudando a reformular o
bullying como uma forma grave de trauma de infância. Não são raros os casos de
depressão grave, o abandono escolar e o suicídio também chamado de bullycídio.
6. Quando você acredita ser recomendado trocar a
criança que sofre bullying escolar ou
você não recomenda tal ação dos pais?
O ideal é
que o ciclo de agressões seja interrompido e a vítima permaneça na mesma
escola, mas na prática não é isso que acontece. Como a maioria das escolas são
omissas em casos de bullying e possuem programas anti-bulying inócuos, a
mudança se torna necessária para garantir a integridade física e psicológica da
criança.
7. Como o professor pode
suspeitar que um dos seus alunos está sofrendo
bullying na escola?
O
comportamento da vítima muda, fica mais isolado, é preterido nos trabalhos em
grupo, nas aulas de Educação Física é sempre o último a ser escolhido, lancha
sozinho, não é convidado para festas ou passeios, os pertences são
subtraídos e até mesmo marcas no corpo, as notas começam a declinar sem
uma explicação lógica.
O
professor deve observar e ajudar a interromper o ciclo das agressões. Vale
lembrar que nem toda violência é bullying, mas todo bullying é uma
violência.
8. O que o professor pode fazer em sala de aula quando um
aluno com deficiência sofre bullying?
Não
permitir humilhações, gozações, “ brincadeiras” e sobretudo não rir quando isso
acontece, muitas vezes o comportamento do professor pode dar ao agressor
permissão para atacar o colega. Acudir a vítima sempre, muitas crianças
não sabem o que fazer para sair do problema ou como se defender.
9. Na prática, como a escola pode combater o
bullying?
Em
primeiro lugar reconhecer que o bullying acontece,conheci uma diretora que
afirmou certa vez que, em 30 anos de profissão nunca ouviu falar em
bullying na sua escola. O que me faz crer que ela não sabe o que é
bullying. Não se combate aquilo que não se conhece.
Criar programas de enfrentamento ao bullying é imperativo nas escolas, mas não significa que é somente pregar cartazes pela escola ou passar filmes e achar que isso é programa anti-bullying.
Criar programas de enfrentamento ao bullying é imperativo nas escolas, mas não significa que é somente pregar cartazes pela escola ou passar filmes e achar que isso é programa anti-bullying.
É
preciso, sobretudo, uma grande reflexão com os alunos e pais. Criar uma
política na escola de tolerância zero para o bullying. Contratar pessoal
especializado para trabalhar essas questões caso não tenha pessoal
capacitado para isso. Eu creio que a escola em primeiro lugar pode fazer uma
pesquisa com os pais e os alunos para verificar a incidência de bullying. Dá
trabalho.
10. Os pais devem se preocupar ao matricular seu
filho em 01 escola que não desenvolve programas preventivos contra o bullying?
Os pais
devem se preocupar muito, da mesma forma que se preocupam com o ranking
das escolas no ENEM ou em outras pesquisas.Quanto vale a vida do seu filho? É
uma pergunta que deve ser pensada.
Pais e
mães investem pesado na busca de uma boa formação ao rebento, entretanto, uma
boa educação, porém, vai além de uma ótima instituição de ensino, uma vez
que o bullying pode interromper a vida acadêmica do filho.
LUCIA HELENA DINIZ SANTIAGO
Ativista | Pedagoga com Especialização em
Ativista | Pedagoga com Especialização em
Psicopedagogia Clínica
Retirado
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