segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

NÃO ERA SOMENTE UM DESODORANTE VENCIDO



    Bullying não é brincadeira. Bullying não é mimimi


                                

A chacina de Goiânia é um alerta político. Um adolescente de 14 anos, vítima frequente das ofensas de sua turma, roubou a pistola dos pais policiais militares e matou dois colegas e feriu outros quatro dentro do Colégio Goyases na. Era uma vingança pelas humilhações suportadas em silêncio ao longo do ano letivo. Ele vinha sendo hostilizado de fedorento e chegou a receber até um desodorante como inesperado, pungente e irônico presente. 

Não tem como justificar o crime, nem perdoá-lo. Mas é o momento de refletir sobre o quanto subestimamos a violência escolar. O bullying hoje está muito mais agressivo do que duas décadas atrás, pois envolve também perseguição e segregação digital. Os desaforos não terminam na escola, seguem pelo dia adentro na web. O sinal do fim da aula não interrompe o medo. 

A tortura psicológica não encontra pausa, com troças infinitas pelos contatos no WhatsApp. O estudante esculhambado não vê para onde fugir, pois a sua página no Facebook também é invadida por comentários ofensivos e insinuações violentas. 

Quem diz que bullying sempre existiu e que a preocupação com apelidos é uma frescura não acompanha a trolagem nas redes sociais. 

Bullying é saúde mental, é saúde pública. Ao cuidar dele, preventivamente, em campanhas nas escolas, estaremos economizando lá adiante com internações e medicação nos hospitais. 

Bullying não é exagero, não é drama, não é piada inofensiva, não é implicância natural. 

Quantos adolescentes, sem saída para a angústia, em vez de revidar os ataques, cometem suicídio? E nunca ficamos sabendo. São engolidos pela solidão, levando consigo os segredos malditos e perversos da convivência. 

O adolescente é uma bomba-relógio porque sente a vida com o dobro de intensidade dos adultos. Ele ama e odeia ao mesmo tempo, está permanentemente à flor da pele, caminhando do tudo para o nada, do nada para o tudo. Alterna extremos de alegria e de raiva em pouquíssimos minutos. 

O corpo está mudando, a voz está mudando, ele não reconhece mais a si e depende da aprovação externa de seus amigos para assumir a identidade. Se não é aceito nos grupos sociais, se não é aprovado, ele se convencerá de que é um monstro, entenderá que crescer é uma metamorfose do mal. 

Ele também não tem nenhuma reserva emocional: perdeu a proteção e a segurança da infância. Não caminha mais de mãos dadas com os pais, não recebe colo, não cura as discussões com abraços, não se desculpa com beijo.
Não acontecerá o contato da pele para reaver os vínculos. É somente cobrado sem os prêmios do afeto e do conforto de quando era pequeno. No fundo, encontra-se sozinho pela primeira vez no mundo. Pretende se mostrar independente, porém é carente e sedento de reconhecimento. 

O adolescente é órfão de suas perguntas e aflições. Tranca o quarto e chaveia o coração. 

Ele merece um cuidado especial. Não se abrirá com facilidade. Não comunicará o seu sofrimento. O costume é engolir o pedido de socorro. Talvez tente emplacar uma conversa séria uma única vez, mas, se fracassar, não voltará a tocar no assunto. Mergulhará de novo para a educação fingida e respostas monossilábicas. 

O adolescente não dá segunda chance para a confissão. Ou os pais e educadores permanecem atentos aos sinais ou ele irá explodir secretamente contra si ou contra todos

A recuperação exige a confiança rarefeita do desabafo. Porque a dor, quando guardada, aumenta. Já a dor, quando partilhada, diminui - quem consegue falar descobre que a sua dor não é exclusiva e que muitos sofrem parecido. 

Bullying destrói personalidades fortes, desmancha temperamentos firmes. Sua maior maldade é transformar a ferida em alegria, as privações em palhaçadas. As risadas machucam. Apanha-se de risadas. Pessoas se divertem às custas do constrangimento de alguém. De sinônimo do bem, a gargalhada é convertida em veneno.

O que nos resta a fazer é mudar o nosso entendimento de coragem. Coragem não é sofrer sozinho, é pedir ajuda.

         Autor :Fabrício  Carpinejar


Lei de Combate ao Bullying ainda é desconhecida nas escolas


Você sabia que existe uma Lei de combate ao Bullying?




Aprovada há quase 3 anos, a Lei nº 13.185/2015, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (ou Bullying), ainda é desconhecida e ignorada pelo grande público,sobretudo nas escolas, espaço onde deveria haver maior promoção do programa.





Considera-se  bullying “todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre
 sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o 
objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”.





O objetivo do programa estabelecido na lei de combate ao bullying é fundamentar ações do Ministério da Educação, 
das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, e de estabelecimentos de educação a fim de prevenir e combater a prática do bullying em toda a sociedade.


Fazem parte do programa de combate ao bullying os seguintes objetivos:


 Capacitação de docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema;


 Implementação e disseminação campanhas de educação, conscientização e informação;


 Implementação de práticas de conduta e orientação de pais, familiares e responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores;


 oferta de assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores;


 integração dos meios de comunicação de massa com as escolas e a sociedade, como forma de identificação e conscientização do problema e forma de preveni-lo e combatê-lo.


É caracterizado como bullying a violência física ou psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação, o que inclui: ataques físicos, insultos pessoais, comentários e apelidos pejorativos, gozação, ameaças por quaisquer meios, grafites depreciativos, expressões preconceituosas, isolamento social consciente e premeditado. Está incluída como cyberbullying, a ocorrência dessas práticas na internet.


Com a lei de combate ao bullying, os estabelecimentos de ensino, clubes e agremiações recreativas deverão produzir campanhas educativas para conscientização, prevenção e combate ao bullying, e poderão ser responsabilizadas por omissão ou negligência caso não o façam.

Conforme as ações praticadas, o bullying pode ser classificado em uma dessas 8 categorias:




I.
Verbal: insultar, xingar e apelidar pejorativamente;
II.
Moral: difamar, caluniar, disseminar rumores;
III.
Sexual: assediar, induzir e/ou abusar;
IV.
Social: ignorar, isolar e excluir
;
V.
Psicológica: perseguir, amedrontar, aterrorizar, 
intimidar, dominar, manipular, chantagear e 
infernizar;
VI.
Físico socar, chutar, bater;
VII.
Material: furtar, roubar,destruir pertences de 
outrem;
VIII.
Virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas 
da intimidade, enviar ou adulterar fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de constrangimento 
psicológico e social.





Veja abaixo vídeo produzido pela Agência Senado em 2011 para divulgaro projeto de combate ao bullying:

                               
Retirado do link :


http://www.psicoedu.com.br/2017/09/lei-de-combate-ao-bullying-ainda-e-desconhecida.html?m=1

Como cultivar uma comunidade escolar livre de bullying?


   Malcolm Lyon, aluno do 5º ano é especialmente alto e bem articulado para sua idade. Quando questionado sobre o que mais gosta em sua escola, Malcolm responde simplesmente: “Não tem bullying“

                       
                      
 Isso pode ser surpreendente, dada a luta contra o bullying que as escolas enfrentam em todo o país. Malcolm começou seu 8º ano na Escola Comunitária Odyssey (Odyssey Community School), uma pequena escola privada em Asheville, cidade localizada no estado norte-americano de Carolina do Norte que atende estudantes do jardim da infância até o ensino médio. Lá, o tema bullying é abordado a partir de cinco fundamentos norteadores.


1. Reconhecer que bullying e conflito não são a mesma coisa


A comunidade que Malcolm está descrevendo não é um lugar sem conflito. Desacordos acontecem, sentimentos ainda são feridos, palavras ainda são poderosas e as crianças ainda estão aprendendo a lidar com o complexo mundo das amizades. Odissey não é um paraíso em que a natureza humana é deixada na porta. Conflitos são parte natural da nossa história humana e a resolução deles é uma habilidade que crianças e adultos precisam praticar.
No entanto, não é a mesma coisa do que bullying. Este é construído por conflitos não resolvidos e, portanto, repetidos. O comportamento do bullying é uma estratégia aprendida e repetida porque é eficaz em saciar necessidades insaciadas: poder, insegurança, atenção ou vingança. No caso do conflito, no entanto, a resolução real é alcançada sem criar uma cadeia de abusos que tanto desorienta os educadores.

2. Para quebrar o padrão, você precisa conversar

Na quarta série, Malcolm tinha alguns conflitos com outro estudante – vamos chamá-lo “John”. Ele percebeu no que mais era intimidado por John: era menosprezado, alvo de brincadeiras e frequentemente interrompido durante a sala de aula. Para lidar com esse padrão, os professores deles promoveram uma conversa intencional. Ao descrever esse processo, Malcolm disse: “Nós apenas falamos, sem ser maus”.
A mãe de Malcolm, Emmy Bethel, refletiu: “Foi impressionante a compaixão dos professores e outros estudantes com esse garotinho que claramente tinha sido ensinado a ter aquele comportamento. Ao contrário de utilizar medidas punitivas, houve compaixão”. Nas palavras dela, Malcolm e seus colegas de sala trabalham com a habilidade de ver as necessidades de outra pessoa e falar claramente sobre elas.
Os professores da Escola Comunitária Odyssey foram treinados no Marshall Rosenberg’s Compassionate Communication, modelo de como construir relações interpessoais com base na empatia, reconhecendo e honrando outras necessidades básicas das pessoas.
O objetivo da Odyssey é educar a comunidade para que todos, desde os pais, administradores, estudantes e professores utilizem as quatro etapas de Rosenberg para resolver conflitos – sempre que eles surgem:
1. Faça uma observação sem julgamento;
2. Identifique seus sentimentos;
3. Explique suas necessidades;
4. Afirme o seu pedido.

3. Resolução de conflitos como parte do currículo

Os programas de prevenção de bullying  frequentemente incluem vídeos constrangedores passados em sala de aula, cenários dramáticos risíveis e discussões forçadas propostas por professores despreparados e sem o apoio necessário. Os estudantes são duramente pressionados a não rir das tentativas administrativas da escola para verter luz a um dos desafios mais árduos. Esforços de cima para baixo para abordar um problema de base nunca parecem dar conta do trabalho.
As salas de aula da Odyssey se reúnem semanalmente para a resolução coletiva de problemas, além de conselhos que se centram mais na exploração do que na solução de experiências emocionais, a fim de melhorar a sensibilização e aceitação da vida emocional.
Com o surgimento dos conflitos, dia a dia, estudantes e professores podem requisitar mediações, criarem um tempo entre eles para a mediação, ou fazê-las durante a aula, quando isso é necessário – e isso é necessário.
Embora o modelo de Rosenberg possa parecer simples, pode ser também desafiador quando as emoções estão afloradas. O tipo de ambiente que pode tornar a discussão efetiva requer o cultivo de um tempo dedicado, elementos que os professores de escolas públicas não tem tempo para praticar.
 Pouco tempo para tratar de maneira efetiva as discussões sobre bullying – suas manifestações digitais, nuances de inocência ou culpa, ciclos de causa e efeito – pode ser terrível e aterrorizante, na melhor das circunstâncias.
Tal como acontece com qualquer habilidade, da escrita dissertativa à resolução de equações algébricas, os alunos precisam ser ensinados sobre a resolução de conflitos com suporte, vocabulário, prática orientada e um propósito real.

4. Problemas de base necessitam de soluções de base

De acordo com Leah R. Kyaio, autor de The Top 5 Reasons Bullies Bully, o bullying acontece porque o sistema é modelado por adultos. Por mais bem intencionados que sejam, as ações de cima para baixo, feitas por gestores – ações essas que frequentemente fazem com que estudantes e os professores revirem os olhos – são uma forma de bullying.
Ao invés de impor palestras durante a semana anti bullying (como se nós realmente fôssemos tratar essa epidemia em uma semana isoladamente), a comunicação e a alfabetização emocional deveriam ser pilares do currículo diário, de uma maneira prática.

Malcolm e John não são o que qualquer um chamaria de amigos. Se perguntado, Malcolm poderia dizer, honestamente, que ele nem gosta muito do garoto. Ele poderia dizer que o entendeu e que, contudo, está em paz com o que aconteceu entre eles. Tendo passado pela experiência do ano anterior, agora ele se sente mais confiante de abordar conflitos.

5. Buscar restauração, não retribuição

Conforme os estudantes amadurecem, os conflitos podem se tornar mais complicados e os estudantes se tornam mais conscientes de suas responsabilidades pessoais. Para atender a essa mudança progressiva e envolver os alunos mais velhos na criação de uma cultura de responsabilidade e cidadania, alunos e professores do ensino fundamental e médio da Odyssey fazem uso da Dominic Barter’s Restorative Justice Circles.
Dentro dos chamados Comitês de Equidade, estudantes trabalham juntos para defender os valores da comunidade escolar, praticam reparação quando os conflitos acontecem e utilizam os fundamentos da Comunicação Compassiva (Compassionate Communication) a cada encontro.
 Ao invés de simplesmente proferir um pedido de desculpas ou receber suspensão ou retenção, os Comitês agregam criatividade às suas soluções para reparar os danos, às vezes pedindo ao “autor” do bullying para cozinhar alimentos, fazer um filme, ou tomar medidas para reconstruir o relacionamento comprometido.
Ao evitar medidas punitivas, nós empoderamos e capacitamos os estudantes a simpatizarem com sua própria experiência e com os outros e a criarem a cultura da comunidade que todos nós intuitivamente desejamos.
Conteúdo elaborado a partir de tradução do Edutopia
Retirado do link :

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Projeto fotográfico mapeia escolas pelo olhar de alunos


    Márcio Motta, educador do litoral de São Paulo usa mapas personalizados para mostrar a relação afetiva de crianças e adolescentes com o ambiente escolar


                                         
  

                                 
     Quem melhor para retratar o cotidiano escolar do que os próprios alunos? Com essa máxima, um educador do litoral de São Paulo teve a ideia de mapear escolas de todo o país a partir do registro fotográfico de crianças e adolescentes. Para mostrar como eles se relacionam com o local onde estudam, o professor Márcio Motta criou o projeto “Minha Escola no Mapa”, que apresenta a fotografia como uma ferramenta de expressão social.

A ideia é trazer para esses alunos a consciência do uso da fotografia como linguagem”, explica Márcio, que faz parte da equipe de direção do Colégio COC Novomundo, localizado em Praia Grande (SP).
Diferente do trabalho feito por um fotógrafo que visita as escolas com o olhar de quem vem de fora, ele diz que o grande destaque do projeto é a possibilidade dos alunos mostrarem como enxergam o seu ambiente educacional. “Toda a estrutura do projeto se baseia no aluno enquanto comunicador fotográfico da sua própria realidade.”
A inspiração para desenvolver esse projeto surgiu de uma experiência realizada com os seus alunos no Colégio COC Novomundo. Como professor de biologia, ele foi procurado por um grupo do ensino médio para orientar um trabalho de iniciação científica de fotografia. Sem ter conhecimentos técnicos, Márcio diz que topou o desafio de aprender junto com os adolescentes. “Ninguém tinha muito contato com a fotografia. O nosso conhecimento era quase zero, mas decidimos estudar”, conta Letícia Mello, 18, que foi sua aluna durante esse período.
Conforme o grupo começou a ter experiência, outros estudantes se interessaram pela proposta. De um coletivo fotográfico, eles criaram a Academia de Fotografia, que se reúne desde o segundo semestre de 2016 para fazer trabalhos de várias temáticas, como bullying, empoderamento feminino e desconstrução de estereótipos. “Cada semana a gente lançava o desafio de um tema para estudar”, recorda Letícia. “A fotografia me ensinou a ver o mundo de uma forma diferente.”
Enquanto descobria seu interesse pela fotografia junto com os alunos, Márcio também entrou para o time de educadores certificados pelo Google. Após percorrer várias cidades do país para treinar professores com o uso de ferramentas digitais, ele percebeu que muitos ainda tinham dificuldade de lidar com as câmeras dentro da escola, seja por falta de preparo técnico ou até mesmo por não identificar o seu potencial educativo.
Para apoiar esses professores, ele desenvolveu uma trilha pedagógica com atividades que ajudam a começar um projeto de fotografia dentro da escola. Com conteúdos disponibilizados no ambiente virtual do Google Classroom​, a trilha está estruturada em etapas: o pensar fotográfico, o olhar fotográfico, o fazer fotográfico, o compartilhamento e o encontro com estudantes de outras realidades.
Nas primeiras etapas, a ideia é que os estudantes reflitam sobre o que é fotografia, trabalhando também com os aspectos de linguagem e técnica. “Independente do uso de um iPhone de última geração ou de uma câmera feita em caixa de madeira, as fotos podem ser belíssimas. Fotografia depende muito mais do olhar do que do equipamento”, defende.
Uma vez familiarizados com a linguagem, os estudantes começam então a fotografar o ambiente escolar. Feito isso, toda a produção será compartilhada no Google Fotos, incluindo um texto explicativo sobre cada imagem. “A ideia é que um aluno do Rio Grande do Sul consiga perceber como sua realidade escolar pode ser parecida ou diferente da realidade de um aluno do Pará”, exemplifica.
Depois de conhecer o projeto pela internet, a professora Larissa Fontenelle decidiu levar a proposta para sua escola. Trabalhando literatura com o ensino médio, ela percebeu na fotografia uma possibilidade de estimular que cerca de cem alunos de comunidades rurais de Irituia, no norte do Pará, pudessem retratar sua realidade. “Estou longe dos grandes centros e queria muito mostrar como as coisas funcionam aqui”, conta.
Na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Maria da Conceição Malheiros, ela começou a desenvolver o projeto relacionando a fotografia e o realismo na literatura.
Eu acho que isso está despertando o olhar deles para novas formas de perceber e significar a sua escola e a sua comunidade”, define a professora, que atualmente está na fase de receber e armazenar as imagens produzidas pelos alunos. “Eles não vão conseguir postar direto na internet porque não temos esse acesso.”
Após a conclusão da todas as etapas da jornada fotográfica, os trabalhos produzidos pelos alunos irão fazer parte de um mapa com registros de escolas de todo país. Os professores interessados em participar do projeto Minha Escola no Mapa podem se inscrever por meio de um formulário online até o final do mês.
    Retirado do link :

BULLYING é brincadeira de criança? –



    Entrevista com Especialista



                                 

1. Bullying é brincadeira de criança?

Não mesmo, em uma brincadeira todos se divertem já no bullying 
Uns se divertem à custa do sofrimento de outra pessoa. Também não é uma indisciplina própria da fase dos adolescentes e muito menos uma disputa entre alunos por liderança, como quer nos fazer crer as coordenadoras de ensino pedagógicas. O bullying é muito mais perigoso do que supomos, ele é uma questão de saúde pública.

2. O bullying escolar é um fenômeno do mundo moderno?

Alguns teóricos afirmam que é um comportamento milenar, que lamentavelmente, faz parte da natureza humana. A partir da década de 70 começou a ser estudado como   atos de intimidação física ou psicológica exercido de forma continuada sobre os colegas.
 Os adolescentes não passaram a sofrer ameaças, receber apelidos ou provocações só a partir da década de 70, quando pela primeira vez se falou sobre esse tipo de intimidação dentro escola. No Brasil, a discussão é recente iniciou-se no ano 2000.
3. O que leva uma criança a 
praticar bullying contra outra criança?

Existem muitas pesquisas que vão dizer que o agressor já foi uma vítima, outros dirão que o agressor precisa se auto-afirmar, por isso necessita subjugar um colega mais vulnerável ou sofre com a violência doméstica e repete o que vivencia em casa.
Enfim, temos uma infinidade de hipóteses que tanto pode ser de cunho social, psicológico ou desvio de caráter mesmo. A certeza da impunidade também favorece a prática do bullying , uma vez que o bullying por não ser tipificado no Código Penal enquanto crime , não é levado a sério.
4. Aquele aluno espectador que
 dá risadas ou se omite na defesa da vítima também pratica bullying?

De certa forma sim, a platéia ajuda a perpetuar o bullying, porque o agressor está em busca de autoafirmação e poder, se alguém conseguir quebrar o ciclo de agressões o bullying tende a cessar.
 Vou dar um exemplo; certa vez uma aluna disse em um grupo de WhatsApp ao ser criticada pela agressora, que não era amiga da colega – vítima, ao negar a amizade podemos perceber que essa menina está com medo de ser a próxima vítima.
 Vale lembrar que em situações de bullying todos estão sofrendo. De modo que, a platéia pode interromper o ciclo de agressões, o silêncio e as risadas desses alunos reforçam o poder do agressor. Sem apoio o agressor  não terá campo fértil para continuar.
5. Quais os danos causados 
na vida das vítimas de bullying?

O bullying devasta a vida da vítima para sempre, ceifa a vida acadêmica e social do adolescente.
Atualmente sabemos que o bullying, traumatiza tanto quanto o abuso sexual e a violência doméstica. Ele não é mais só uma parte infeliz do crescimento. Ele pode causar mudanças a longo prazo no cérebro que leva a déficits cognitivos e emocionais graves. Sofrer intimidação é uma experiência estressante.
As pesquisas do campo da neurociência estão ajudando a reformular o bullying como uma forma grave de trauma de infância. Não são raros os casos de depressão grave, o abandono escolar e o suicídio também chamado de bullycídio.
6. Quando você acredita ser recomendado trocar a criança que sofre bullying escolar ou 
você não recomenda tal ação dos pais?

O ideal é que o ciclo de agressões seja interrompido e a vítima permaneça na mesma escola, mas na prática não é isso que acontece. Como a maioria das escolas são omissas em casos de bullying e possuem programas anti-bulying inócuos, a mudança se torna necessária para garantir a integridade física e psicológica da criança.
7. Como o professor pode 
suspeitar que um dos seus alunos está sofrendo bullying na escola?

O comportamento da vítima muda, fica mais isolado, é preterido nos trabalhos em grupo, nas aulas de Educação Física é sempre o último a ser escolhido, lancha sozinho, não é convidado para festas ou passeios, os pertences são subtraídos e até mesmo marcas no corpo, as notas começam a declinar sem uma explicação lógica.
O professor deve observar e ajudar a interromper o ciclo das agressões. Vale lembrar que nem toda violência é bullying, mas todo bullying é uma violência.
8. O que o professor pode fazer  em sala de aula quando um aluno com deficiência sofre bullying?

Não permitir humilhações, gozações, “ brincadeiras” e sobretudo não rir quando isso acontece, muitas vezes o comportamento do professor pode dar ao agressor permissão para atacar o colega. Acudir a vítima sempre, muitas crianças não sabem o que fazer para sair do problema ou como se defender.
9. Na prática, como a escola pode combater o bullying?

Em primeiro lugar reconhecer que o bullying acontece,conheci uma diretora que afirmou certa vez que, em 30 anos de profissão nunca ouviu falar em bullying na sua escola. O que me faz crer que ela não sabe o que é bullying. Não se combate aquilo que não se conhece.
Criar programas de enfrentamento ao bullying é imperativo nas escolas, mas não significa que é somente pregar cartazes pela escola ou passar filmes e achar que isso é programa anti-bullying.
 É preciso, sobretudo, uma grande reflexão com os alunos e pais. Criar uma política na escola de tolerância zero para o bullying. Contratar pessoal especializado para trabalhar essas questões caso não tenha pessoal capacitado para isso. Eu creio que a escola em primeiro lugar pode fazer uma pesquisa com os pais e os alunos para verificar a incidência de bullying. Dá trabalho.
10. Os pais devem se preocupar ao matricular seu filho em 01 escola que não desenvolve programas preventivos contra o bullying?

Os pais devem se preocupar muito, da mesma forma que se preocupam com o ranking das escolas no ENEM ou em outras pesquisas.Quanto vale a vida do seu filho? É uma pergunta que deve ser pensada.

Pais e mães investem pesado na busca de uma boa formação ao rebento, entretanto, uma boa educação, porém, vai além de uma ótima instituição de ensino, uma vez que o bullying pode interromper a vida acadêmica do filho.
LUCIA HELENA DINIZ SANTIAGO
Ativista | Pedagoga com Especialização em 
Psicopedagogia Clínica

Retirado do link :



'Não sei se tenho forças para voltar lá', diz mulher que denunciou racismo em órgão público em SC


    Formada em Moda, ela ouviu de funcionário público de Joinville que não havia 'nada para a limpeza' ao consultar vagas de emprego


                               
                             

   Vítima é militante da causa negra há 30 anos.Depois que Pandora da Luz, de 47 anos, denunciou ter sofrido preconceito de um funcionário no Centro Público de Atendimento ao Trabalhador (Cepat) em Joinville (SC), 


Ela reúne forças para o embate judicial contra o agressor, mas afirma ainda não ter certeza se conseguirá voltar a estudar no local. 

"Não sei se tenho condições. Não quero passar por outras abordagens, pré-julgamentos. Eu não acho que não consigo olhar para aquelas pessoas novamente. E acho muito constrangedor fazer minha palavra contra a do outro", disse Pandora, que é militante da causa negra há 30 anos e fundadora da União de Negros pela Igualdade (Unegro). 

Em boletim de ocorrência, ela denunciou que enquanto olhava, por curiosidade, uma lista de oportunidades de emprego em um balcão de atendimento do Cepat, um funcionário do local disse a ela, mesmo sem ter sido questionado: "não tem nada para a limpeza", "não tem nada para a cozinha" e "também não tem nada para costureira". 

"Eu não acho essas profissões desqualificadoras. São honestas, honradas. Mas eu tenho outra qualificação. Eu ando buscando para lecionar", disse a ativista. 

Pandora faz curso de macramê no Cepat. Ela é formada em Design de Moda e Vestuário e trabalha como autônoma. 

Funcionário voltou a procurá-la
"Uma semana depois, quando voltei para aula, ele [funcionário] chegou a ir até a minha sala de aula. Foi
até a minha carteira [mesa] e disse: 'quem foi que discriminou você aqui?”‘“, conta Pandora. 

Segundo ela, quando reafirmou que ele teria 
cometido o preconceito, o servidor público pediu desculpas mas a vítima falou que não bastava. 

"Depois que a dor foi criada, não tem desculpa. Ele deu as costas e eu falei que iria acionar um advogado. Ele riu, gargalhou. Decidi ir em frente porque essas coisas não podem continuar", reforçou Pandora.

   Retirado do link :