Professor do Instituto
de Psicologia distingue os dois fenômenos e mostra como encará-los
Como parte do programa Seminários de Ensino de
Ciências, da Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências, o Instituto de
Física da Universidade de São Paulo (IFUSP) promoveu palestra sobre a violência escolar. Ministrada
pelo professor José Leon Crochik, que coordena o Laboratório de Estudos sobre o
Preconceito (LAEP) do Instituto de Psicologia da USP, a exposição discutiu as
principais características e diferenças entre preconceito e bullying, assim
como suas implicações.
O termo bullying serve para definir a prática,
individual ou em grupo, de agressões físicas e psicológicas, durante um período
de tempo, sobre vítimas consideradas mais fracas em uma relação de poder e que,
portanto, não são capazes de reagir suficientemente para fazer cessar a
agressão.
Dados de uma pesquisa empírica coordenada por
Crochik entre os anos de 2011 e 2014 em oito escolas de São Paulo demonstram
que, diferentemente do que ocorre com o preconceito, as razões que levam os
indivíduos a praticarem o bullying não tem relação com medos e inseguranças
pessoais projetadas no alvo, mas sim com uma necessidade narcisista de se
destacar, dominando e destruindo o outro.
Crochik aponta também que o preconceito tende a
produzir justificativas mais demarcadas para sua existência, então, alguém que
persegue os judeus, por exemplo, argumentaria que o faz por se tratarem de
parasitas, mentirosos, etc. O bullying,
por outro lado, não tem um alvo específico, “torna-se vítima quem estiver à
disposição para poder ser destruído, para poder ter sua vontade dominada pelo
agressor. A ideia é poder humilhar e destruir”, afirma o pesquisador. Essa
diferença é importante porque ajuda a explicar o motivo pelo qual o bullying é
mais difícil de combater do que o preconceito.
A
priori, o preconceituoso é alguém que, de certa forma, idealiza o objeto do seu
ódio se apropriando de estereótipos culturais e que, portanto, evita qualquer
contato com ele para que essa idealização não seja confrontada com a realidade.
Nesta medida, pode-se afirmar que “a experiência é o antídoto do preconceito”.
Por outro lado, a natureza menos racional do bullying sequer permite que esse
tipo de confronto seja usado na solução do problema.
Cyberbullying
O cyberbullying pode ser praticado uma única vez,
mas, por poder ser divulgado para uma multidão de pessoas por infinitas vezes,
tem uma intensidade momentânea muito maior. Esse aspecto colabora para
torná-lo, em muitos casos, mais danoso, uma vez que escapa aos ambientes
específicos de convivência da vítima, tornando-se algo mais constante e amplo.
Para José Leon Crochik, “a vítima se sente humilhada frente a um universo de
pessoas conhecidas e desconhecidas”.
Como enfrentar o
bullying
Crochik
lembra que vivemos em uma sociedade que estimula a competição e que, portanto,
instiga a divisão entre fracos e fortes, o que gera tensão. “A vontade de
destruição surge para poder eliminar essa tensão”. Para ele, um passo importante
rumo ao combate do problema é sua discussão no âmbito escolar. “A ideia é a de
poder pensar o ridículo da competição. Se vivemos juntos, é ótimo que o outro
também tenha habilidades, porque precisamos dele. Quando não quisermos dominar
ou vencer quem quer que seja, poderemos viver em paz e tranquilos”, afirma.
Em curto prazo, é importante que o alvo do bullying
encontre meios de reagir para que as agressões parem. Conversar sobre o que
acontece com seus pais, professores ou orientadores pode ajudar.
Apesar
de não ter um programa específico voltado para o atendimento de vítimas de
bullying, o IPUSP oferece atendimento psicológico, psicoterapia e outros
serviços em sua clínica-escola. Os interessados podem entrar em contato por
telefone para pedir informações adicionais.
IPUSP
Av. Prof Mello Moraes, 1721 -Bloco D – Cidade Universitária – São Paulo – SP
Site: http://www.ip.usp.br/
Telefones: (11) 3091 8248 / 8223
Av. Prof Mello Moraes, 1721 -Bloco D – Cidade Universitária – São Paulo – SP
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Telefones: (11) 3091 8248 / 8223
Retirado
do link :
http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2017/05/quais-as-diferencas-entre-preconceito-e-bullying/
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