O sucesso mundial da série 13 Reasons Why da Netflix trouxe de volta o debate sobre como o bullying pode levar os jovens a se auto-agredirem ou até se matarem
De acordo com a Organização Mundial de saúde, suicídio é a segunda cause de morte de jovens no mundo, ficando atrás apenas de acidentes de carro e na frente de perdas de vidas por conta do HIV.
Apesar de não ter nenhum estudo
conclusivo sobre o tema, de quais seriam as principais causas, o bullying nessa
era tão digital, onde além de ações em espaço físicos públicos, os agressores
também usam redes sociais para atacar a vítima (cyberbullying), não podem ser
ignorado.
Nenhum
recorte de raça é feito sobre a questão do bullying que costuma ser confundido
com o racismo, mas não é. Primeiro porque racismo é crime, portanto, atitudes
racistas são caso de polícia, segundo porque o jovem negro pode ser vítima de
pessoas que mesmo, com perfil agressivo não atacaria uma pessoa branca, quando
seu alvo é escolhido apenas pela cor de pele, mesmo que a vítima seja um bom
aluno, de boas condições financeiras e trânsito social.
A própria
Netflix criou um site sobre o filme, na época de seu lançamento, onde ilustra
casos de pessoas, hoje adultas que sofreram bullying na escola. Duas delas são
negras: a atriz Vaneza Oliveira e o jornalista Bruno Rocha, o Hugo Gloss.
Mas vale uma atenção especial para a atriz do seriado 3%.
“É uma linha muito tênue que
separa o racismo do bulllying . Nesse vídeo é uma situação clássica de racismo,
quando falam que ela é macaca e usam dos atributos físicos e genéticos para
falar dela”, explica a pedagoga e Mestre em educação Clélia Rosa.
Para ela aqui no Brasil as
pessoas têm dificuldades em enxergar o racismo, até mesmo as pessoas negras,
por conta de uma construção estrutural. “As pessoas negras têm dificuldades de reconhecer que estão sendo
discriminadas pelo aspecto racial”, aponta a pedagoga.
Rosa
também ressalta o aspecto criminal do racismo e às vezes a conveniência das
instituições de ensino o caracterizar como bullying para não sofrerem
retaliações. “Ás vezes chamar um ato de racismo de bullying é uma estratégia
para livrar a pessoa que está o cometendo, mas a vítima continua sendo
oprimida, rechaçada e deprimida, mas quem cometeu não tem o preso da lei”.
“Não podemos entrar nessa onda do
bullying, a pessoa negra pode sofrer as duas coisas e no caso da Vaneza é um
caso clássico de racismo, infelizmente”, alerta Clélia.
Outra depoimento triste sobre
como o racismo dentro da escola pode vir de alunos e professores, é o da
cantora e apresentadora Karol Conka. Ela
aponta uma questão importante, de como o racismo faz com que alunos negros
percam o gosto pelos estudos e abandonem a escola. “Eu comecei a entender
porque muitos negros na minha época não gostavam de ir na escola e porque só os
pretos se ferravam”.
Escolas americanas: racismo
pode virar caso de polícia
Nos EUA
existe um rede online de combate ao bullying,a Anti-bullying
Netowrk e eles dedicam um espaço exclusivo só para falar sobre
racismo. De acordo com o projeto todas escolas deverem ter diretrizes para
agressões de cunho racial, além de criar políticas de educação multi-cultural e
anti-racista.
Eles aconselham a monitorar e
registrar todos o casos de racismo na escola. Em alguns Estados americanos há
conselhos específicos fora das escolas para tratarem da questão de bullying e
esses registros da escola são geralmente levado à eles. Nos casos de racismo,
eles podem sugerir desde uma expulsão do aluno até formular uma
queixa contra o agressor à policia.
Leis contra bullying no Brasil
ainda estão só no papel
A recente lei,Nº
13.185, de novembro de 2016 é
a que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). De
autoria do deputado André Corrêa (PPS), no texto, bullying é definido como a
prática de atos de violência física ou psíquica exercidos intencional e
repetidamente por um indivíduo ou grupo contra uma ou mais pessoas com o
objetivo de intimidar ou agredir, causando dor e angústia à vítima.
A lei determina que seja
feita a capacitação de docentes e equipes pedagógicas para implementar ações de
prevenção e solução do problema, assim como a orientação de pais e familiares,
para identificar vítimas e agressores.
Também estabelece que sejam
realizadas campanhas educativas e fornecida assistência psicológica, social e
jurídica às vítimas e aos agressores. A punição do autor do bullying, de acordo
com o texto, deve ser evitada, e outras atitudes que promovam a mudança social,
devem ser aplicadas.
O texto
fala de expressões preconceituosas e não de racismo, ou seja, ignora um tipo de
agressão que só alunos negros sofrem e dessa forma deixam os agressores isentos
de responderem na justiça pelo seu crime. Quase a mesma “pegadinha” de crimes
de injúria e racismo, onde muito até vão até a delegacia, mas nunca são presos.
Jovens
vítimas de racismo na escolas, agem como algumas vítimas de violência sexual,
tendo medo de dizer aos pais o que aconteceu ( como foi o caso da atriz
Vaneza Oliveira), se sentido culpadas. Vale ficar atento a mudanças de
comportamento, como atitudes depressivas ou agressivas, além da queda de
desempenho escolar. A escola também tem que se envolver e pode ser acionada na
diretoria de ensino em caso de omissão .
Retirado
do link :
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