Em Curitiba, Thauane Cordeiro
defendeu seu direito de usar o adereço
O turbante é muito mais que um item de moda. Para mulheres negras, é considerado um símbolo de
identidade e luta.
As africanas
utilizavam-no para se proteger do sol e, segundo suas crenças, preservar os
pensamentos. No Brasil, as negras escravizadas usavam-no para cuidar dos
cabelos.
Na Bahia do
século 20, as mães de santo reverenciavam a ancestralidade.
Para
ativistas do Movimento Negro, quando brancos utilizam turbantes, ocorre a
chamada apropriação cultural.
Eles argumentam que há o "uso indevido de elementos
de outras culturas por pessoas brancas", como escreveu o militante
Leopoldo Duarte.
Quando não-brancos
apontamos apropriação fazemos valer a nossa memória. Identificando um padrão
recorrente nas interações entre europeus — e seus descendentes — e o resto do
mundo: a erradicação dos proprietários originais em benefício ($) exclusivo da
branquitude dominante.Leopoldo Duarte, na Revista
Forum
As nuances
dos indivíduos e as histórias pessoais de cada um mostram, entretanto, que o
que pode parecer apropriação cultural à primeira vista pode ser também um
instrumento de empoderamento.
Foi o que
aconteceu com a jovem Thauane Cordeiro, moradora de Curitiba (PR).
Há cerca de
um mês, ela foi diagnosticada com leucemia mielóide aguda.
Devido ao
forte tratamento, está careca.
Diante da
nova - e dura - realidade e do novo visual, começou a vestir o turbante.
Sentiu-se mais bonita.
Ao sair às
ruas, começou a enfrentar olhares de reprovação. Até que, em uma estação de
transporte, foi parada por uma jovem que a repreendeu.
Eu comecei a reparar
que tinha bastantes mulheres negras, lindas aliás, que tavam me olhando torto,
tipo 'olha lá a branquinha se apropriando da nossa cultura'. Enfim, veio uma
falar comigo e dizer que eu não deveria usar turbante porque eu era branca.
Tirei o turbante e falei: 'tá vendo essa careca, isso se chama câncer, então eu
uso o que eu quero! Adeus'.Thauane Cordeiro, no Facebook
Ela utilizou a tag #VaiTerBrancaDeTurbanteSim.
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