Sem perceber, você foi se afastando aos poucos dos amigos, de todos os amigos. Sem perceber, os hábitos diários foram ficando cada vez mais rígidos e configurados a serviço de uma rotina invariável, cuja função é mantê-lo aparentemente dentro de uma situação segura e protegida
Sem perceber, os sorrisos foram ficando mais raros, as ruguinhas no centro dos olhos foram ficando mais fundas, a tensão nos ombros passou a ser uma companhia constante.
Sem perceber, você foi se
adaptando a dias solitários que viraram semanas, que viraram meses. Sem
perceber, o que você vem aceitando como sendo características pessoais de
“personalidade forte” ou “gênio difícil” podem ser sinais de uma disfunção
afetiva.
A Distimia é facilmente confundida com mau-humor, uma vez que
portadores desse transtorno de conduta apresentam comportamentos pouco
sociáveis, irritam-se com extrema facilidade e perdem a razão por causa de seu
“pavio curto”.
Essas pessoas acabam se afastando do convívio com colegas,
amigos e familiares, na tentativa de parar de sofrer, por não sentir prazer na
convivência com o outro.
Os distímicos não chegam a ter crises avassaladoras como as têm
aqueles que sofrem de Depressão Clássica. No entanto, a amargura torna-se uma
companheira fiel, que acorda e vai para a cama com a pessoa todo santo dia. O
que difere a Distimia do “mau-humor” é que o portador não é apenas pouco dado a
sorrisos e gentilezas e toca sua vida numa boa.
Os ditímicos sofrem por não conseguirem estabelecer e manter
relacionamentos de amizade, profissionais ou amorosos; eles não sentem nenhum
prazer em destratar as pessoas; passam a ter sentimentos de menos valia, pouca
ou nenhuma confiança em si mesmos e buscam o isolamento, pois estar entre
outras pessoas, coloca-os numa situação de enorme desgaste emocional, já que
têm dificuldades para controlar e evitar comentários ácidos, impaciência e
agressividade.
O fato é que ninguém se sente
confortável carregando para lá e para cá uma cabeça que murmura reclamações o
dia todo, não consegue achar graça nem nas grandes, nem nas pequenas coisas,
vive criticando tudo ao seu redor e não relaxa nunca, porque sente-se
inadequado em relação ao mundo e sente que o mundo é inadequado para si. De
acordo com a ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores
de Transtornos Afetivos), existem mais de 11 milhões de brasileiros sofrendo
desse mal.
Sem perceber, você foi se afastando aos
poucos dos amigos, de todos os amigos. Sem perceber, os hábitos diários foram
ficando cada vez mais rígidos e configurados a serviço de uma rotina
invariável, cuja função é mantê-lo aparentemente dentro de uma situação segura
e protegida.
Não há
estudos conclusivos acerca das causas da Distimia; médicos e psicólogos apontam
para a possibilidade de fatores
bioquímicos (alterações cerebrais), genéticos (parentes de primeiro grau
diagnosticados), ambientais (rotinas desgastantes ou exposição a situações
críticas de estress), ou comportamentais (depender excessivamente da aceitação
e atenção do outro). É, também, comum, aparecer sintomas distímicos em
pacientes portadores de outros transtornos mentais, como síndrome do pânico ou
fobias graves.
Quanto antes
for feito o diagnóstico preciso, quanto mais chances o paciente terá de
aprender a reconhecer, conviver e administrar os sintomas da doença.
É absolutamente normal sentir-se triste diante
de uma perda, ficar aborrecido quando algo sai errado, perder a paciência com
gente sem noção ou querer ficar sozinho às vezes, para aproveitar a própria
companhia.
No entanto, se a tristeza, a exasperação, a
irritabilidade e a necessidade de isolamento tornarem-se uma constante, a ponto
de interferir negativamente em sua vida pessoal, laboral e afetiva, é bom
investigar. Dividir a aflição com alguém próximo, um amigo ou familiar, a
princípio já é um primeiro passo. Mas, é indispensável buscar ajuda de
psicólogos e psiquiatras; só um profissional
capacitado poderá analisar e confirmar a ocorrência de uma patologia ou
determinar se aquele quadro comportamental refere-se apenas a uma fase ou traço
de personalidade.
Uma vez
feito o diagnóstico correto e assertivo, é necessário aderir ao tratamento
psicoterápico e medicamentoso (se for o caso). E, como em qualquer outro tipo
de transtorno afetivo, faz-se absolutamente necessário o envolvimento e apoio
das pessoas mais próximas. Nenhum de nós
nasceu com escudo de proteção que nos impeça de sermos atingidos pela dolorosa
experiência de ter de conviver com um transtorno de humor.
Por isso, sejamos capazes de entender que a
dor do outro não pode ser sentida por nós, mas que ele a sentirá menos pesada e
cruel se tiver a nossa mão para segurar. Afinal, generosidade, amorosidade e
empatia são remédios altamente potentes contra a dor de qualquer natureza.
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