segunda-feira, 17 de abril de 2017

Abraçoterapia, para curar corpo e alma


    O gesto faz bem à saúde, fato comprovado em pesquisas científicas. Há campanhas de abraços nas ruas; uma guru indiana já abraçou 26 milhões de pessoas

                                            
   Abraço amoroso, fraterno, amigável, carinhoso, de consolo e de alegria… toda forma de abraço é bem vinda. O que muita gente não sabe é que, segundo estudos, até poucos segundos desse contato podem ter um efeito terapêutico e trazer benefícios para o corpo e para a mente.
Diversas pesquisas levadas a cabo por especialistas – como esta, publicada pela revista Nature America em 2015 – comprovam o poder do gesto para reverter o estresse e reforçar a imunidade.

– Há quem diga que precisamos de pelo menos um abraço por dia – assegura Sylvia Velo, uma das coordenadoras da Campanha do Abraço em Ourinhos, São Paulo, uma cidade de 110 mil habitantes. Lá, a campanha começou em 2012 por iniciativa de um grupo de jovens. 

 Mas quem procura o termo abraços grátis na Internet recebe um grande número de respostas: há campanhas desse tipo por todo o país.
A força mundial dos “free hugs” (em inglês, com duplo  significado – “abraço gratuito” ou “abraço livre”) começou com um australiano conhecido pelo pseudônimo “Juan Mann”.

No website da campanha,  a explicação do início: “em 2004, minha vida estava de cabeça para baixo, tive que voltar de Londres para minha Sydney natal e ninguém me esperava. Fui para uma esquina movimentada da cidade com o cartaz FREE HUGS.  E tudo começou”. 
Depois que a apresentadora Oprah Winfrey entrevistou o australiano em 2006, a campanha explodiu mundo afora.
Antes dessa data havia registros de iniciativas parecidas, mas só a de Juan ganhou destaque mundial – provavelmente, porque a mídia social já estava em sua curva ascendente.

No Brasil, o site Abraços Grátis ressalta: “nossa campanha visa compartilhar abraços entre pessoas comuns, sem o interesse de companhia diária, dinheiro, promoção, política ou sexo.  

O objetivo é fazer com que as pessoas abraçadas se sintam melhor, pois o abraço diminui a pressão sanguínea, o batimento cardíaco e o nível de hormônios ligados ao estresse”.
Em Ourinhos, um grupo cada vez maior vem realizando eventos de abraço grátis por toda cidade.
– Confeccionamos os cartazes e nos encontramos na praça central da cidade. No começo, a gente fica tímida, mas depois rola tanta energia positiva e a gente recebe tanta energia em troca que parece uma fogueira de afeto. No final da campanha você não é mais você, você é o mundo todo, é uma sensação única – contou Sylvia.
A guru dos abraços
A indiana Amma – Sri Mata Amritanandamayi Devi – ficou conhecida mundialmente pelos “abraços que curam”. Hoje, sua organização dá consultoria às Nações Unidas. Ela costuma dizer:

“As pessoas vivem dois tipos de pobreza. Um, pela falta de comida, roupas e abrigo. Outro, pela falta de amor e compaixão.
Acredito que o segundo tipo deve ser combatido em primeiro lugar, porque, se temos amor e compaixão no coração, vamos cuidar de quem precisa de comida, roupa e abrigo”.

A história de Amma começou quando, bem criança, se ofereceu para cuidar de toda a família. Aos poucos, descobriu o poder de tocar as pessoas através do abraço. Segundo se conta, ela jamais se recusa a atender alguém e já ficou 22 horas sentada, abraçando num só dia 20 mil pessoas. Seu site calcula que, em 35 anos, ela tenha dado 26 milhões de abraços.

Mas será mesmo que o abraço tem todo esse efeito terapêutico? 

O gesto de abraçar, com vontade, libera um hormônio muito conhecido pelos casais apaixonados e mães de recém nascidos: a oxitocina. Essa substância, produzida no hipotálamo, região central do cérebro, pode proporcionar prazer e promover a conexão com as pessoas.

Além da oxitocina, o abraço também pode liberar endorfinas, aquelas substâncias secretadas por quem segue uma vida fitness ou pelos fãs de um chocolate. As endorfinas trazem um tremendo bem-estar ao indivíduo. E assim seria o abraço.

Mas nem todo mundo concorda com isso. A psicóloga Christina Montenegro diz que há certa confusão entre o abraço concreto e com o que significa o abraço.

– O abraço provoca realmente a produção de oxitocina e endorfina. Mas não pelo abraço físico e concreto e sim pela sensação de acolhimento, de formação de vínculos significativos para ela. É isso que faz bem no abraço – enfatiza Montenegro.
Ela acrescenta ainda que a essa sensação de acolhimento pode vir de outras formas, não necessariamente através de um abraço.

– Esse abraço é mais do que físico. É um ouvido, um olhar… às vezes, é alguém dar seu tempo para escutar o outro, em silêncio. Não é necessariamente sair na rua e abraçar desconhecidos, porque isso é artificial. Eu não acredito nisso. Com a maior das boas intenções, você pode acabar sendo invasivo. E isso não é bom em circunstância alguma. Tem que ter uma delicadeza. É perigoso decretar que gestos bem intencionados terão bons resultados.

                         Retirado do link:

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