Os dias mais marcantes são aqueles em que a gente sai deles um pouco modificados. São os dias que nos lembraremos para sempre, não importa quanto tempo passe
São os dias em que, sem anestesia alguma, somos confrontados com as verdades que nos fazem crescer, e de alguma maneira, enrijecer.
É preciso cuidado para não se
blindar demais. Cuidado para não tornar pedra o que um dia foi flor. Cuidado
para não deixar de acreditar na poesia, na delicadeza, no amor.
Todos
nós passamos por sustos. Por momentos em que a vida nos dá uma rasteira e não
sabemos mais em que solo pisamos.
A gente
se fere, se fecha, se ressente. Mas é preciso força para ser novamente semente.
Para
transformar pequenas gotas de orvalho em banho de chuva corrente. Para chorar
mágoa e renascer flor. Para enxugar o pranto e cicatrizar a dor.
Não é de uma hora para outra
que a gente endurece. A dor é cumulativa, e de tanto sentir o chão ruir, vamos
nos fechando também.
Aos poucos fui tecida concreto,
cimento e rocha. Aos poucos tornou-se pedra a menina que um dia foi flor.
Porém… Ninguém é feliz por
inteiro quando perde a fé. Quando perde a esperança por dias risonhos e noites
dançarinas. Quando não há transpiração nem emoção. Quando falta amor e sobra
rancor.
Por
isso e para isso existe o tempo. O tempo que sopra as feridas e afofa o solo
árido de nossas crenças e emoções. O tempo que restaura a dor e seca o pranto.
O tempo que possibilita que volte a ser flor o que um dia foi pedra.
Contrariando o que se esperava
dela, a flor rasgou o chão. A flor rompeu a muralha de cimento e buscou a luz.
A flor encontrou uma sutura mal feita na rocha e brotou inteira, forte e
verdadeira, sob os raios de sol. A flor desafiou as intempéries da jornada e
resistiu como alicerce de delicadeza e fortaleza.
Que
haja mais motivos para ser flor do que pedra. Que minha alma não endureça a
ponto de murchar diante do primeiro obstáculo, nem de perder o viço diante da
aridez do terreno. Que não falte brisas de esperança, chuvas torrenciais
de harmonia e luz abundante de calmaria.
Os dias mais marcantes são
aqueles em que a vida contraria o óbvio. Em que os começos difíceis são massacrados
pela força de um final feliz.
Em que a brisa suave do
pensamento leva embora um furacão de sentimentos. Dias em que a urgência de ser
feliz aprende a ser calmaria do encantamento. E tempo em que toda a poesia
grita em detrimento de todo barulho que há em mim…
Para adquirir o livro “A Soma de Todos os Afetos”, de
Fabíola Simões, clique aqui: “Livro A Soma de todos os Afetos”
Retirado
do link :
Nenhum comentário:
Postar um comentário