Especialistas e educadores são unanimes no reconhecimento de que
a família é essencial na educação integral dos
estudantes
A realidade, no entanto, mostra
que esse processo é complexo e requer estratégias para que esse direito seja
efetivamente cumprido. O Centro
de Referências em Educação Integral entrevistou a
pesquisadora Susan Sherindan, da Universidade de Nebraska-Linconln (EUA), que apontou
algumas estratégias que podem ser adotadas para fortalecer esse vínculo.
Para a docente, o primeiro passo é localizar que o objetivo
central da escola e da família é o pleno desenvolvimento do
estudante. Nesse sentido é
necessário traçar metas coletivamente em um diálogo que seja produtivo e
garanta a elaboração de estratégias. Nesse sentido, é preciso que pais ou
responsáveis e a escola parem de apontar culpados por eventuais problemas das
crianças e se entendam como parceiros no processo.
“O mais importante que podemos
fazer para envolver os pais de uma maneira significativa e para criar conexões
entre a escola e casa do estudante é estar disposto a baixar um pouco a guarda
e fazer as perguntas que realmente importam: como criar um ambiente propício
para o ensino? O que a criança, a escola e a família pensam sobre o futuro?
Quais desafios existem?”, afirmou a professora durante o 113° Seminário
Internacional de Avaliação Econômica – A relação entre família e
escola nas políticas educacionais promovido pela Fundação Itaú Social em
parceria com o jornal Valor Econômico.
Segundo a especialista norte-americana, outro elemento
importante para fortalecer o vínculo entre escola e família é compreender que
essa conversa é necessária e deve ocorrer a todo momento e não apenas quando os
pais ou professorespercebem algum problema no desenvolvimento dos
estudantes. Dessa forma é possível criar um ambiente de diálogo permanente e um
ambiente educativo mais acolhedor.
A relação da família com a escola deve começar bem antes das
crianças apresentarem problemas acadêmicos ou de comportamento. Porque, quando
não existe um problema, a comunicação flui muito mais fácil. “Se nós
conseguirmos criar um plano consistente antes dos problemas ocorrerem, as
chances dos resultados serem melhores é grande”, afirmou Susan.
Confira abaixo a entrevista na
íntegra.
Centro de Referências: Qual a importância da participação da família
no processo educativo?
Susan Sheridan:
A relação entre família e a escola é
um ponto crítico para o desenvolvimento das crianças. A escola e a família
precisam trabalhar em conjunto para criar um ambiente saudável, acolhedor e que
incentive o aprendizado.
É preciso reconhecer que aprendizado acontece a todo o momento e
as crianças não aprendem apenas de uma forma. Elas não vão simplesmente para a
escola, aprendem e saem de lá e deixam de aprender. O processo de aprendizado
ocorre por meio da observação dos seus pais e das pessoas, na interação com o
território, brincando, e elas realmente podem se beneficiar quando os pais,
professores, avós e os outros adultos da vida dele trabalham juntos para criar
um ambiente propício ao aprendizado também fora do ambiente escolar.
CR: Como promover uma maior interação entre os responsáveis e as
famílias?
Susan:
O mais importante que podemos fazer para envolver os pais e
responsáveis de uma maneira significativa e para criar conexões entre a escola
e casa do estudante é estar disposto a baixar um pouco a guarda e fazer as
perguntas que realmente importam: como criar um ambiente propício para o
ensino? O que a criança, a escola e a família pensam sobre o futuro? Quais
desafios existem?.
É importante também entender
que isso não ocorre quando se apontam dedos e culpas. É preciso criar um
ambiente para que as famílias e a escola estejam na mesma página dividindo
informações, compreendendo a perspectiva um do outro, para que juntos possam
trabalhar para o desenvolvimento do estudante.
Uma maneira interessante de
aproximar os pais da escola é fazer perguntas que sejam amplas e permitam que
os pais ou responsáveis expressem suas observações. O professor precisa
respeitá-los como especialistas sobre a vida dos próprios filhos, o que na
maioria das vezes eles realmente são. O educador deve ouvir atentamente o
que os familiares dizem e e a partir disso utilizar essas informações para
trazer mais sentido para a educação das crianças.
É necessário compreender que a escola envolve os pais no
processo educativo não apenas por envolver. Não chamamos eles para o espaço
escolar para que eles sejam voluntários em outra atividade. Isso é importante,
mas precisamos que os responsáveis compreendam que eles têm um papel central em
ajudar seus filhos a aprender.
Se temos dificuldade em trazer
os responsáveis para a escola é provável que esteja ocorrendo algum problema:
os pais não estão sendo compreendidos como parte ativa do processo educativo,
e, portanto, não se sentem realmente ouvidos pelos professores e pela escola,
não se sentem parceiros relevantes. É preciso ouvi-los para saber qual a melhor
maneira que eles podem ajudar.
CR: Como iniciar o processo de aproximação com as famílias?
Susan:
A relação da família com a escola deve começar bem antes das
crianças apresentarem problemas acadêmicos ou de comportamento porque quando
não existe um problema a comunicação flui muito mais fácil. Dessa forma é
possível criar um plano consistente antes dos problemas ocorrerem.
As chances dos resultados serem melhores é grande porque é
possível manter um diálogo ajustando esse plano. Se o plano não estiver dando
certo é possível fazer mudanças.
CR: Existe um modelo único de aproximação da família com a escola
ou é necessário levar em conta as especificidades de cada escola?
Susan:
Eu provavelmente abordaria de forma diferente uma escola no
Nebraska, onde moro, do que no Brasil porque são contextos distintos. Existe um
processo que pode ser replicável, mas a maneira como ele é aplicado muda muito
de acordo com o realidade porque o contexto é importante demais. Importam
demais quais são as estruturas da escola, as condições sociais do território e
dos estudantes. Existem tipos diferentes de situações e tipos de oportunidades
e recursos a depender do contexto.
Portanto não existe uma maneira única e correta de falar com
pais, não existe um padrão único que irá resolver todos os problemas, mas
fundamentalmente existem alguns elementos-chave que são comuns: a importância
de fortalecer o vínculo com a família, a importância de ter foco na educação da
criança e a pactuação de metas que podem ser trabalhadas em conjunto pela
escola e a família.
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