segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

“A gente não faz amigos, reconhece-os”


  
  Título Original: “All star azul: um hino à amizade” 


                               

                                                 
Todos os anos, chegando próximo ao meu aniversário, me dou
algo significativo de presente. Algo que não entra na categoria de
utilidades e necessidades, mas que carrega certa poesia e algo
 nas entrelinhas que só as almas mais sensíveis reconhecerão.

Pode ser um pingente, uma seleção de músicas ou um livro.
Esse ano me dei de presente um All star azul.

O All star azul fala de uma amizade. Uma grande amizade.
E eu desejo que meu All star azul represente isso dentro de mim.
 Os amigos que tive e com quem construí uma história. Uma
 história que, mesmo que tenha ficado lá atrás, como a de Nando
 Reis e Cássia Eller, ainda é uma história que eu gosto de lembrar.
Tenho diversas lembranças memoráveis dos meus amigos,
 principalmente aqueles de uma época importante da minha vida:
 a faculdade.

Ao assistir ao episódio “Por trás da canção” sobre a música
 All Star azul, em que Nando conta a história da letra e a relação
que ele tinha com Cássia, algo muito delicado e doce ressurgiu
dentro de mim. A lembrança desses meus amigos, as cartas
escritas à mão que trocávamos nas férias e a simplicidade
 de um all star azul.

Acho que é isso. As melhores amizades são aquelas marcadas
 pela simplicidade, e até, arrisco dizer, pelas dificuldades.
São aquelas que foram construídas num tempo em que
 vivíamos duros, contando os trocadinhos na carteira, ao passo
 que tínhamos energia de sobra para varar noites em claro e
 contrariar o manual da saúde perfeita indo comer pastel na feira
após o raiar do sol.

 Os melhores amigos são aqueles que compartilharam conosco
 suas dúvidas e sonhos, e com quem dividimos nossas primeiras
 fossas, ressacas e paixões. São aqueles que testemunharam
 nossos primeiros enganos, nossa necessidade de crescer a
qualquer custo, nossa coragem de desafiar as leis da física,
da vida e do tempo.

No documentário “Por trás da canção”, os convidados contam
 sobre a relação de Nando e Cássia, e entre os depoimentos,
 ouvimos frases como: “havia uma identificação total”, “era um
 encontro de temperamentos”, “aquilo lá era uma coisa muito
 acima
 do que a maioria das pessoas está acostumada a viver”, “aquilo
 lá era transcendente”, e isso nos dá a dimensão exata do que
uma amizade verdadeira pode ser.
“Estranho seria se eu não me apaixonasse por você…

” Essa frase pode ser muito boa de ouvir de um namorado (a),
 parceiro (a), marido ou esposa. Mas pode ser ainda melhor vinda
de uma amiga ou amigo verdadeiro, como foi o caso de Nando e
 Cássia. Porque evidencia uma paixão descomprometida de pele,
 mas com verdadeira conexão de almas.

Muitas vezes o encantamento por um amigo surge da
identificação.Nos identificamos com aquele cara que diz coisas
 que não conseguimos verbalizar e nos sentimos maravilhados
 por aquela menina que assume medos semelhantes aos nossos.
 Dizemos que os santos batem, e a sensação é a de que
 finalmente o mundo faz sentido.

Nando dizia: “nossa afinidade tinha a ver com uma certa
esquisitice, com nossa timidez”, e percebemos que isso é real,
verdadeiro e muito perfeito, pois procuramos no outro algo que
 nos ajude a enfrentar nossos próprios abismos e excentricidades.


Nos perdoamos quando enxergamos em nossos amigos
a aceitação de nossas estranhezas.

Dizem que a amizade é uma aliança contra a adversidade, e
 acredito nisso também. São nossos amigos os primeiros a fazer
pactos silenciosos de lealdade conosco quando o ensino médio
 testa os limites de nossa autoconfiança; os primeiros
 a compartilhar conosco experiências de superação quando
 somos rejeitados pelo amor platônico da adolescência; os
ouvintes de nossos desabafos quando a vida é mais forte que a
 gente; os parceiros silenciosos de nossas dores não anunciadas,
 mas certamente reconhecidas por eles.

Meu all star azul tem o propósito de me lembrar os amigos por
quem carrego paixões. Paixões movidas a gratidão, experiências,
 parcerias, risadas e lágrimas. Cada vez que sair por aí com meu
calçado poético, sentirei que estou abraçando cada um dos meus
 amigos e carregando uma parte de nossa história em minhas
andanças. No fundo imagino que eles gostariam de andar comigo,
pois a lembrança de nossas afinidades me assegura nossas mãos
 dadas pelo caminho e, mais ainda, a certeza de que, como dizia
Vinícius de Moraes: “a gente não faz amigos, reconhece-os”…

  Retirado do link :
https://www.agrandeartedeserfeliz.com/a-gente-nao-faz-amigos-reconhece-os/

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