A regra é bem clara: ‘Quem não tem mão faz com pé’.
Pensando em usar as próprias
limitações como exemplo, o universitário de Ciência da Computação Diogo Alves
da Silva, de 20 anos, que é deficiente físico, decidiu criar um canal no
YouTube para incentivar pessoas que passam pelas mesmas dificuldades que ele no
dia a dia. A página online, há quase três meses no ar, conta com mais de 6.580
visualizações.
— O fato de eu ter nascido com má formação, sem braços e com a perna
torna, não existe apenas para que eu passe por dificuldades e tente me superar
todos os dias. Posso utilizar isso para dar força a outros deficientes físicos
que em algum momento se sentem desmotivados, dizer que eles não estão sozinhos
e que podemos nos reinventar sempre — comenta Diogo, que posta os vídeos no
canal pelo menos duas vezes por semana.
O estudante conta que os vídeos
são gravados na casa do amigo de infância Henrique Mattos, de 21 anos. Lá, eles
improvisaram um pequeno estúdio, e, entre filmagens feitas com a câmara de um
celular e edições de vídeo, o canal vai ganhando vida.
Segundo Henrique, a deficiência
do amigo o ajudou a enxergar o mundo através de um outro ponto de vista, mais
amplo. Dessa mesma forma, ele espera que o canal afete outras pessoas.
— Apesar de não ter nenhuma deficiência, eu cresci com o Diogo e abraço a
causa. Depois que eu vi os vídeos dele, decidi ajudar. A gente muda os móveis
de lugar, faço a edição dos vídeos e ajudo também na divulgação nas redes
sociais. Juntos, conseguimos fazer a coisa acontecer — afirma Henrique.
Os próximos passos para
expandir ainda mais a página, de acordo com seus criadores, são investir em
mais temas inspiradores e aumentar a periodicidade das postagens.
Depoimento Diogo da Silva:
Nasci sem braços e tive de dar um jeito para me virar e me
recolocar no mundo. Na vida é assim, quem não tem mão tem que fazer com o pé. E
é assim que eu escrevo, escovo os dentes, faço minhas refeições, estudo, vivo.
Em algumas situações,
fico constrangido, como precisar de ajuda para ir ao banheiro, mas tô me
acostumando com isso. Tento ser o mais independente possível. Fico muito feliz
quando consigo fazer algo que aparentemente não faria sozinho.
Repercussão: efeito positivo
sobre o público
O universitário Diogo da Silva
ressalta ainda que, pelos comentários das pessoas que assistem aos vídeos da
dupla no YouTube, o resultado tem sido positivo.
— A informação circula muito
rápido. As pessoas gostam muito do que fazemos, e a repercussão tem aumentado
bastante. Recebemos todo tipo de críticas e até mesmo sugestões. A alegria maior é quando alguém comenta que
passou a se sentir melhor por apenas nos ver e ouvir. Estamos conseguindo
atingir nosso objetivo — declara Diogo.
Ele conta que, durante as eleições, presenciou uma “situação
chata” que o entristeceu e serviu de tema para um de seus vídeos.
— Quando uma cadeirante chegou para votar na mesma escola que
eu, descobriu que o elevador não estava funcionando. Não tinha rampa, e ela não
pôde votar. Teve de justificar o voto. Isso me afetou muito e fiquei pensando
nessa obrigação de votar e na falta de acessibilidade que existe no Rio.
Retirado do link:
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