O bullying pode ser responsável por
quase 30% dos casos de depressão em adultos, é o que sugere um novo estudo
Tendo acompanhado 2.668 pessoas da primeira infância à idade
adulta, pesquisadores descobriram que os indivíduos de 13 anos que foram alvos
mais frequentes de bullying se mostraram três vezes mais propensos que seus
pares não perseguidos a se tornarem deprimidos quando adultos.
Mesmo quando os pesquisadores consideraram fatores como histórico
de problemas comportamentais, classe social, abuso infantil e história familiar
de depressão de um adolescente, os que
sofreram bullying pelo menos uma vez por semana foram mais de duas vezes mais
propensos a ser deprimidos quando cresceram.
As descobertas, publicadas na terça-feira em BMJ, deveriam fazer
pais, professores e autoridades de saúde pública considerarem seriamente a
repressão ao bullying, escreveram os autores do estudo.
"A depressão é um grande problema de saúde pública no
mundo, com altos custos sociais e econômicos", eles escreveram.
"Intervenções durante a adolescência poderiam reduzir o ônus ou a
depressão mais adiante na vida."
Estudos anteriores que examinaram a relação entre bullying e
depressão determinaram que as duas coisas estavam relacionadas.
Por
exemplo, adultos que são deprimidos são mais propensos a lembrar que sofreram
bullying quando garotos. Mas adultos não depressivos talvez tenham sofrido
bullying também, e tenham excluído a agressão de suas mentes.
Para contornar esse problema, um grupo de pesquisadores de
quatro universidades da Inglaterra se debruçou sobre dados do Avon Longitudinal Study of Parents and
Children.
Alguns participantes do estudo foram recrutados para o estudo
antes mesmo de terem nascido; outros entraram quando tinham cerca de 7 anos de
idade. Os administradores acompanharam todo tipo de informações sobre os
garotos e suas famílias, e fizeram perguntas sobre bullying por diversas vezes
entre as idades de 8 e 13 anos.
Para este estudo, os pesquisadores se concentraram em
vitimização por pares aos 13 anos de idade. Na época, os adolescentes foram
perguntados sobre nove tipos de bullying e se os experimentaram
"frequentemente" (ao menos uma vez por semana),
"repetidamente" (ao menos quatro vezes no total), "às
vezes" (menos de quatro vezes), ou não experimentaram.
O abuso
verbal foi o tipo mais comum de bullying, com 36% dos adolescentes dizendo que
estiveram na ponta receptora deste comportamento (incluindo 9% que foram
vitimados frequentemente). E 22% dos garotos disseram que os agressores haviam
tomado objetos seus.
Além disso, 16% dos adolescentes disseram que os
agressores haviam espalhando mentiras a seu respeito; e 11% disseram que haviam
sido socados ou espancados; 10% foram expulsos por seus pares; 9% disseram que
foram chantageados; 8% disseram que os agressores tentaram levá-los a fazer
algo que eles não queriam fazer; 8% disseram que foram enganados; e 5% disseram
que os agressores tinham estragado um jogo para contrariá-los.
A maior parte desse bullying jamais foi relatada a professores,
e os garotos de 13 anos não contaram nem mesmo a suas famílias cerca de um
terço das vezes.
Os pesquisadores não confirmaram apenas que as vítimas de
bullying estavam em maior risco de depressão quando adultos; eles descobriram
também uma relação dose-efeito entre as duas coisas. Em outras palavras, quanto
mais bullying um indivíduo de 13 anos sofre, maior a chance de ele ou ela ser
deprimido anos mais tarde.
Entre os adolescentes que disseram não ter sofrido bullying, 5%
vieram a sofrer depressão. Mas entre os que foram vítimas frequentes, 15% foram
depressivos quando adultos. E mais, 10% das vítimas frequentes de bullying
ficaram deprimidas por mais de dois anos, em comparação com 4% dos que não
sofreram a agressão.
Os resultados dão sustentação à ideia de que sofrer bullying
durante a infância leva à depressão na idade adulta, mas não provam que uma
coisa causa a outra. Resolver em definitivo essa questão requereria um
experimento que atribuísse aleatoriamente algumas pessoas para sofrerem
bullying e outras para serem deixadas em paz.
Mas os resultados implicam que "aproximadamente 29% do ônus
ou depressão aos 18 anos de idade poderiam ser atribuídos à vitimização por
pares", escreveram os autores do estudo.
"Essas descobertas nos levam a concluir que a vitimização
por pares durante a adolescência pode contribuir significativamente para o ônus
de saúde pública geral que é a depressão clínica", eles escreveram.
Num editorial que acompanhou o estudo, a especialista em
prevenção de bullying Maria Ttofi da Universidade de Cambridge escreveu que os
resultados do estudo deveriam levar autoridades escolares e dirigentes da saúde
a pensarem seriamente em maneiras de acabar com o bullying por adolescentes. Se
o fizerem, eles colherão os benefícios durante anos.
"Os programas eficazes contra o bullying podem ser vistos
como uma forma de promoção da saúde pública", ela escreveu.
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