Um dos grandes tabus do Jornalismo é abordar o tema do suicídio
Nas redações pelas quais eu passei, em algum momento, fui dissuadido de comentar este tipo complexo e doloroso de morte. “Falar sobre suicídio estimula outras pessoas a fazer o mesmo” era a crença dos meus editores – provavelmente herdada de outros editores, desde que a Imprensa é Imprensa.
Na verdade, o certo, segundo psiquiatras e psicólogos, não é “deixar de falar”, e sim “falar corretamente” a respeito – jamais narrando a forma como ele foi cometido.
Só que o suicídio está aí e ignora-lo é permitir que ele siga vitimando silenciosamente jovens e adultos: todos os anos, mais de 1 milhão de pessoas tiram a própria vida planeta afora – uma morte a cada 40 segundos, informa a Organização Mundial da Saúde.
No Brasil, os números não são menos alarmantes: diariamente, 32 brasileiros morrem por suicídio. No ano passado, foram 11 mil vidas ceifadas. Onze mil.
De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de pessoas que deram cabo da própria vida cresceu 20% nos últimos cinco anos entre jovens de 15 a 19 anos, se tornando a quarta causa de morte entre jovens no País.
Precisamos ou não falar sobre suicídio? O que te parece?
Na semana passada, aprendi um termo que não conhecia: “gramática da depressão”. Desenvolvido pela Universidade de Harvard, este grupo de palavras é utilizado com recorrência por pessoas nesta situação. São vocábulos e expressões que indicam, ainda que em estágios iniciais, a ocorrência da depressão.
Tecnologia pela vida
Batizada de Algoritmo
da Vida, uma solução desenvolvida pela Agência
Africa e Bizsys para Rolling Stone Brasil vem
vasculhando desde o início do ano postagens públicas de usuários no Twitter que
empregam a “gramática da depressão”, identificando palavras, declarações e
citações que podem indicar sintomas de depressão e ideação suicida.
Funciona assim: o
tweet (público/conta aberta) passa por uma avaliação do algoritmo e, caso seja
confirmada a disposição para a “gramática da depressão”, uma mensagem privada
de um perfil amigável é enviada para o usuário. Ao final do texto, lhe é
indicado o contato com o Centro de Valorização à Vida (CVV) pelo telefone (188)
ou pelo site.
Na semana passada, o Algoritmo da Vida ganhou o reforço de dois pesos
pesados da tecnologia, a SAP e a Amazon Web Services (AWS), que
passam a trabalhar de forma integrada entre especialistas e voluntários para
dar ao algoritmo eficácia, amplitude e escala, tornando-o exponencial.
“Anunciarmos essa parceria no mês do Setembro Amarelo foi proposital. Esse projeto é uma mudança de paradigma. Somos uma empresa que defende uma bandeira estigma free. Queremos quebrar tabus em relação à saúde mental e que as pessoas se cuidem mais. Não estamos adotando essa causa por acaso”, diz Luciana Coen, diretora de Comunicação e Responsabilidade Social da SAP e líder do projeto nesta nova fase.
Setembro Amarelo dá nome à campanha brasileira de prevenção ao suicídio
realizada neste mês, encabeçada pelo CVV, Conselho Federal de Medicina e
Associação Brasileira de Psiquiatria.
O Algoritmo da Vida rodará no ambiente de nuvem e passará por novas métricas de excelência operacional, segurança, confiabilidade, desempenho e otimização de custos. Além disso, o encaminhamento das pessoas deverá ganhar novas formas.
“As pessoas que sofrem postam muito nas redes sociais. Detectamos 34 milhões de tweets ou 1,4 milhão perfis, e 1.400 pessoas foram colocadas em contato com o CVV. O melhor de tudo: 90% dos doentes podem ser curados. A tecnologia faz a gente ser mais humano”, pontuou o copresidente e CCO da Africa, Sergio Gordilho, que anunciou a parceria no palco do evento SAP Now, realizado em São Paulo, ao lado de Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil, e de Cleber Morais, diretor-geral da AWS no País.
Graças à tecnologia e
à aplicação de inteligência preditiva, o algoritmo será capaz de identificar
mudanças de comportamento nos perfis monitorados e sinalizar quando uma ação
imediata é necessária.
“Somos uma companhia que tem obsessão pelos clientes e colocar toda
nossa história de inovação em nuvem a serviço do bem-estar das pessoas, estejam
elas onde estiverem, é uma forma de dar um sentido maior ao nosso primeiro
princípio de liderança”, afirmou Cleber Morais, diretor geral da AWS no
Brasil.
“Salvar vidas pela tecnologia resume o nosso propósito”, sintetizou Cristina Palmaka.
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