Surfista pernambucano adaptou prancha de bodyboard para Matias,
de oito anos, que nasceu com paralisia cerebral por conta de uma lisencefalia
Paula, Marcelo e o amor. Uma
relação que não vem de hoje. Amizade durante a adolescência, o carinho do casal
não demorou a virar namoro, evoluir para noivado e, há dez anos, tornou-se
casamento.
Parceria que, em 2009, passou a
contar com mais um integrante: o pequeno Matias. Logo no começo, a gravidez foi
recebida com entusiasmo. Era algo planejado, mas no sexto mês o resultado de um
exame mudou tudo.
O primogênito da família Cartaxo nasceria com uma
paralisia cerebral decorrente de uma Lisencefalia, que significa cérebro liso.
- Foi
um baque. Acordei no outro dia achando que era um pesadelo. Acho que fui ao
fundo do poço. Segurei a mão do Marcelo e disse que ele deveria ter fé, pois eu
estava vazia.
Apesar do pedido da esposa,
Marcelo Cartaxo também não
conseguia entender.
- Foi
muito forte a emoção. Todo mundo sonha em ser pai. Eu tinha meus momentos de
choro, onde eu desabafava e às vezes longe dela.
O que antes foi um baque e era
visto como um luto, passou a ser uma grande luta. Paula e Marcelo compraram a
briga com a dor.
- Eu vou escolher baixar a cabeça ou levantar? E me
depreciar ou apostar no meu filho diante de todas as limitações? Quando a gente
tomou a consciência de que o plano de um filho perfeito não deu certo, mas que
o plano de Deus era muito maior do que o nosso, isso despertou para olharmos de
outra forma, contou Marcelo.
E
assim, com essa força dos pais, o menino que tem dificuldade para colocar os
pés no chão, foi apresentado a um universo onde é capaz até mesmo de voar.
Sobre as águas. Dentro do mar, as limitações praticamente deixam de existir. O
pai, surfista, adaptou uma prancha de Bodyboard e Matias entrou na onda.
Praticante de natação desde os cinco meses, Matias e a água se
entendem muito bem. Toda semana cai no mar e adora.
- Naturalmente todo pai sonha
que o seu filho jogue bola e eu tinha o sonho que ele surfasse. Diante das
limitações dele, nada mais justo que tentar fazer isso de uma forma diferente.
E Matias não manda bem apenas
nas águas. Com outra espécie de prancha, desta vez com rodinhas, Matias mostra
que também leva jeito para andar de skate.
Desde
que passou a ter o esporte como companhia, a criança apresentou melhoras
significativas em seu desenvolvimento. E a tendência é evoluir ainda mais.
Apaixonado por esportes, o pai Marcelo planeja praticar o stand-up paddle com o
garoto, uma espécie de surfe em pé.
- Ele vai estar acoplado a mim
e até o fim do ano vamos fazer isso. Esse lado dele com a relação com a
natureza é muito gostoso. Matias é radical e com ele a gente chega onde nunca
podíamos imaginar.
Em vez de esconder, Paula e
Marcelo decidiram mostrar o mundo para o filho. E a janela escolhida para isso
foi o esporte. Sustentado pelo amor dos pais, Matias desconhece o impossível.
- Se
Deus dissesse que iria trocar o meu filho por um filho perfeito eu diria para
ele não fazer isso comigo. Não quero essa troca de jeito nenhum. A gente
aprendeu a enxergar a vida de outra forma. É uma vida em outra perspectiva, que
pode ser tão maravilhosa quanto uma vida convencional.
A
família de Cartaxo mantém um projeto para conseguir ajuda para financiar o
tratamento de Matias, que precisa viajar a cada três meses para o Chile, onde
realiza sessões de fisioterapia. Para conhecer mais, clique aqui
Retirado
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