O Bullying na vida de alguns personagens Bíblicos
O bullying é
um fenômeno mais antigo no mundo ,inclusive na Bíblia a relatos sobre este tema
.
Caim e Abel
Tudo começou bem cedo e o
primeiro caso de agressão já pode ser visto no livro de Gênesis, logo após a
Queda do homem e a formação da primeira família humana. O fato ocorreu entre
dois irmãos: Caim e Abel. Filhos de Adão e Eva, eles exerciam atividades
diferentes na terra onde habitavam: Abel era pastor de ovelhas e Caim, lavrador
(Gênesis 4:2)....
Ao que tudo indica, aqueles
dois irmãos eram o oposto um do outro. Caim era um homem sem fé, Abel era um
homem justo diante de Deus (Hebreus 11:4); Abel pertencia a Deus, mas Caim era
do Maligno (1 João 3:12).
Dois irmãos que tinham
tudo para viver em conflito, para ter uma relação nada amigável, ao menos da
parte de Caim.
Segundo o relato Bíblico, no dia em que os dois irmãos foram
ofertar a Deus daquilo que o seu trabalho havia produzido, Deus se agradou da
oferta de Abel, mas da oferta de Caim não se agradou (Gênesis 4:3-5).
Isso acendeu a ira no coração de Caim contra o seu irmão e ele,
certamente, planejou eliminar a fonte da sua desavença com Deus.
...
Por conta de uma atitude errada diante de Deus, Caim permitiu
que sentimentos destrutivos brotassem em seu coração até direcionarem sua
frustração contra o seu irmão.
O seu sentimento de inferioridade diante de Abel, a sua
incapacidade de buscar por si só aquilo que podia colocá-lo em posição
favorável diante de Deus – a fé – transformou-o num agressor em potencial.
Caim é o típico bully: inquieto e inseguro, tentando se
impor por se julgar inferior, fazendo isso com agressividade, diminuindo os
outros, aniquilando as pessoas para que eles sobressaiam. ...
O fim dessa relação
tempestuosa foi trágico: Caim eliminou a fonte do seu desafeto, o seu
adversário na disputa pela atenção de Deus, aquele que, bem sabia, era melhor
que ele e mais capacitado para fazer o melhor. Livrar-se de Abel significava
ser o único, o mais querido; não haveria adversários na sua relação com Deus e
ele seria o preferido. E assim ele fez: ...
Davi
Outro personagem bíblico
que sofreu na pele o “pecado de ser diferente” foi o rei Davi.
Antes de ser rei sobre a nação
de Israel, Davi não passava de um pastor desconsiderado pela própria família,
um poeta que declamava seus versos e entoava cânticos no meio das ovelhas.
A história de Davi começa
quando Deus envia o profeta Samuel até a casa de Jessé para ungir aquele que
Ele escolhera para reinar sobre seu povo (1 Samuel 16:1-13). O profeta deveria
ungir com óleo o varão que o Senhor designasse. E assim ele o fez.
Estando na casa de Jessé, o profeta
provavelmente ficou se perguntando qual dos filhos daquele homem ele deveria
ungir como rei. O primeiro em que ele bateu os olhos foi Eliabe, e disse:
“Certamente, está perante o Senhor o seu ungido.” A resposta de Deus a Samuel
mostra de que forma este estava avaliando o escolhido de Deus: ...
Na avaliação do pai, aqueles seriam os filhos que possivelmente
o Senhor Deus escolheria para ser o seu rei. Mas ele se esquecera de um,
esquecera de Davi, que estava apascentando as ovelhas: “Perguntou Samuel a
Jessé: Acabaram-se os teus filhos? Ele respondeu: Ainda falta o mais moço, que
está apascentando as ovelhas. Disse, pois Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, pois
não nos assentaremos à mesa sem que ele venha” (v. 11). Davi foi chamado. Ele
era um jovem ruivo, ...
O que nos chama a atenção na história de Davi é o
fato de que nada mudou na nossa sociedade em comparação ao relato bíblico.
Estamos
sempre julgando as pessoas pela sua aparência, pela função que elas exercem,
pelo poder que elas possuem. Aqueles que não se encaixam nos nossos padrões são
tratados com diferença, são relegados a segundo plano, esquecidos, maltratados,
desprezados.
Se Davi
dependesse da avaliação dos seus próprios familiares sobre as condições de se
tornar um rei, ...
Como adolescentes na
escola escolhem aqueles que serão os líderes, os mais influentes, aqueles que
serão venerados e imitados? Dentre os de aparência frágil? Dentre aqueles que
não estão entre os mais fortes e mais capazes? A começar pela aparência física
(roso, físico, roupas) e por aquilo que possuem (status social,
carro), o que esperam de um líder é que ele exerça poder e esse poder vem
sempre traduzido como autoritarismo e repressão aos mais fracos. E esses
líderes, ...
José
A história de José é uma das mais dramáticas relatadas pela
Bíblia e é a que mais nos ensina a cerca de como corações agressivos podem
mudar o rumo da história das pessoas.
Ela está relatada no
livro de Gênesis e mostra as agruras que este homem sofreu até se tornar
governador do Egito. Curiosamente, José exercia a mesma atividade que Davi
exerceria no futuro: pastor de ovelhas, algo muito comum àquele povo. Mas no
caso de José, os seus irmãos estavam com ele (Gênesis 37: 2). Ao contrário de
Davi, ...
Seja em qualquer lugar, a
pessoa que adquirir alguma proeminência ou preferência maior que as demais
sempre será alvo de inveja, de críticas e de desprezo.
Esse foi o caso de José.
Ser o filho predileto atraiu sobre ele a atenção dos seus irmãos, infelizmente
uma atenção negativa e destrutiva.
O ódio que os irmãos de José passaram a sentir, impediu-os de
manter qualquer tipo de relacionamento amigável com ele e até mesmo o diálogo
se tornou impossível: “Vendo, pois, seus irmãos que o pai o amava mais do que
todos os outros filhos, odiaram-no e já não lhe podiam falar pacificamente” (v.
4). A situação piorou ainda mais quando ...
José, de todas as formas, parecia despertar o ciúme dos seus
irmãos (v. 11), não somente pela preferência do seu pai, mas também pelos
sonhos que tinha.
Como normalmente acontece, mesmo sendo o filho preferido, José
não teve crédito do próprio pai, muito pelo contrário, foi desacreditado e
censurado por ele ao falar a respeito dos seus sonhos (v. 10).
Esse é
um típico caso de bullying familiar. Os irmãos de José
demonstravam por suas palavras e atitudes o desprezo que tinham por ele. Suas
palavras provavelmente eram duras e as retaliações deviam ser constantes.
A agressividade daqueles
irmãos contra José alcançou o seu ponto máximo quando eles decidiram se livrar
do seu incômodo.
Como eles tinham ido apascentar o rebanho em Siquém, Jacó enviou
José para que trouxesse notícias deles (vs. 12-14). José só os foi achar em
Dotã (vs. 15-17).
Ao avistá-lo de longe, os seus irmãos já começaram a tramar a
sua morte, dizendo: “Vem lá o tal sonhador! Vinde, pois, agora, matemo-lo e
lancemo-lo numa destas cisternas; e diremos: Um animal selvagem o comeu; e
vejamos em que lhe darão os sonhos” (vs. 18-20). Somente Rúben, o filho mais
velho, provavelmente não gostou dessa
situação.
A partir dessa tentativa de homicídio, a vida de José
mudou drasticamente.
As sementes malignas plantadas no coração dos seus irmãos
tiraram-no da segurança do seu lar e do amor dos seus pais para uma vida
tribulada.
Ele foi vendido como escravo por seus irmãos (v. 28); já
escravizado no Egito, foi difamado e acusado pela esposa de Potifar (39:14-18);
ele foi condenado e aprisionado por Potifar (39:19-20); após ter ajudado o
copeiro, foi desapontado e esquecido por ele (40:23).
Todas essas coisas sucederam a José como consequência do
desprezo dos seus irmãos e do ciúme que sentiam dele.
E assim
é a vida de toda vítima de bullying, elas tem a sua realidade
transformada, sentem na carne o ódio dos seus algozes, são vítimas de
desrespeito, de violência, ...
Felizmente, Deus tinha outros
planos para José e toda a sua vida girava em torno de propósitos eternos.
Ele acabou se tornando governador do Egito
após interpretar os sonhos do Faraó (cap. 41), o que foi decisivo para a vida
de toda a sua família, que, durante um grande período de seca, teve o sustento
que precisava para sobreviver (caps. 42 a 44).
O que nos chama a atenção na
vida desse grande homem de Deus são as respostas que ele deu a cada um desses estímulos negativos provocados pelo bullying.
A sua vida é uma lição para aqueles que diariamente são vítimas
de opressão e de violência, para toda vítima do fenômeno bullying.
José sempre demonstrou confiança no amor e na
soberania de Deus diante de tudo aquilo que estava se passando com ele. Ele não
enxergou esses estímulos de maneira negativa, mas entendia que por detrás de
tudo aquilo existia o mover de Deus (50:20).
Mesmo tendo sido tratado de forma tão desprezível pelos seus
próprios irmãos, ele não permitiu que a mágoa e o ressentimento dominassem a
sua vida. José fez uso do seu livre arbítrio para não deixar que os fatores
externos determinassem o seu caráter (41:51,52).
José não agiu com seus irmãos, movido por vingança, mas pelas
misericórdias (50:19; cf. Romanos 12:19).
Ao contrário de muitas vítimas do bullying que
planejam se vingar de seus agressores e acabam levando isso a termo, José
praticou o perdão.
Como prova do seu caráter moldado por Deus, José abençoou os que
o magoaram (42:7-25; 43:23-25; 44:1).
Se José tivesse permitido que
todos os estímulos externos afetassem a sua vida, ele certamente teria se
transformado numa pessoa amarga e vingativa.
O que teria sido da História de
Israel caso isso acontecesse?
As decisões que tomamos não
somente decidem a nossa vida hoje, mas afetam também o nosso futuro e o futuro
das pessoas que estão conosco, caso elas se deixem influenciar por nós, é
claro.
Mas José estava se guiando,
tomando suas decisões, fazendo as suas escolhas baseado em valores eternos. Ele
confiava na soberania de Deus, enxergava o agir de Deus em todas aquelas
circunstâncias, pois sabia do grande plano que Ele tinha para a sua vida.
Retirado do livro MEMÓRIAS DO SILÊNCIO -
RELATOS E REFLEXÕES DE UMA VÍTIMA DO BULLYING do autor Mizael de Sousa Xavier
que está no
link :
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