Helena
tem um ano e oito meses, um bebê, então ainda não vivo naquela linha do pavor
que muitos pais se encontram lá pelos 3 anos de idade: o amor pelos desenhos e
filmes
Ela gosta muito, dança, espera,
é fofo de se ver, mas ainda não chegamos ao ponto dela pedir produtos da
franquia ou querer ver X coisa em Y momento.
Não acredito que TV, tablet e
celular são os vilões, acho que com parcimônia são benéficos, na verdade. Meu
problema está no conteúdo. Porque produzem material tão ruim para crianças??
Como pessoas que trabalham com o público infantil podem caracteriza-los com tão
baixa expectativa? Crianças merecem conteúdo de qualidade. Desenhos e filmes
igualitários, longe de sexismo, que desenvolvam a criatividade e relações
positivas.
Precisamos mudar a forma como
crianças consomem desenhos, porque se os adultos de hoje estão criando o mundo
azul e rosa que acreditam ser correto: para tudo! Muda tudo!
Pensando nisso, fiz uma lista
de 10 desenhos que procurei muito sobre e vemos aqui em casa. Muitos são
disponibilizados no Youtube e no Netflix, que aliás, é a melhor coisa que você
vai contratar na vida.
1. O
Show da Luna
Está é uma produção nacional,
ponto positivo, que tem como protagonista uma menina chamada Luna, que é como
toda criança: uma cientista. Ela, seu irmão Júpiter e o furão Cláudio – sim,
como o Imperador Romano historiador e escritor – vivem aventuras para
solucionar a maior questão do desenho “Porque isso está acontecendo?”. Primeiro
temos um desenho muito bem feito, tanto artisticamente, quanto em roteiro.
Os diálogos são divertidos, os
assuntos sempre muito interessantes, a ponto de que a família se reúne na sala
para ver junto. Em segundo, temos uma protagonista menina, que usa roupas
normais, nada rosa, nada fofo, nenhum esteriótipo.
Ela ama seu irmão e se aventura com ele. A
família de Luna não só incentiva, como participa dos experimentos. As questões
são reais e a argumentação é sempre muito bacana. Um desenho que incentiva
perguntas, descoberta e a real exploração do potencial infantil é sempre fantástico.
Um dia você vai estar lá,
fazendo algo e cantando mentalmente “Eu quero saber, porque o gato mia…”. É o
desenho preferido da Helena, que agora vive uivando para a Lua e fala Luna para
tudo. Nós também amamos.
2. Que
monstro te mordeu?
O número dois também é
brasileiro e é um dos desenhos mais lindos que já vi. Não é para crianças muito
pequenas, já que sua temática é bem reflexiva. Lali é uma menina meio monstro
que foi convidada para o concurso Monstro do Universo por seu amigo Romeu
Umbigo.
E é nesse mundo cheio de
monstros coloridos, um cenário maravilhoso, músicas originais e divertidas, que
vemos Lali se deparando com sentimentos que podem transformar humanos em
monstros quando não discutidos. Na história temos temas como inveja e raiva,
sempre abordado de forma muito lúdica e sincera.
É um
dos desenhos mais bem produzidos que já coloquei os olhos. É o tipo de projeto
que qualquer um venderia a alma para participar. Ele passa na TV Cultura!!!
3. Bino
and Fino
Este é
um desenho produzido na Nigéria e que infelizmente não possui tradução ou
legendas em português, mas a importância dele já se mostra exatamente por isso:
conhecemos apenas uma versão da história do continente africano. Faz alguns dias que vi o TED da
escritora nigeriana Chimamanda Adichie que fala sobre os perigos da história
única, como somos apresentados sobre uma versão dos fatos e criamos
esteriótipos perigosos; e este, acredito, é um caso que se repete em desenhos
infantis.
O
desenho conta a história de dois irmãos que são criados pela avó e é um retrato
muito colorido, divertido e inteligente do que [agora] acredito ser a realidade
na Nigéria.
Episodio dublado em português
4. Charlie e Lola
Amor entre irmãos é sempre meu
foco quando quero saber se um desenho é bom. Já não basta a cultura de
rivalidade que adoram colocar e a realidade, que também nem sempre é fácil,
então desenhos que apostam nisso ao invés do amor romântico para crianças,
sempre ganha meu coração.
Lola é uma menina muito, muito energética e
cheia de imaginação e, felizmente, possui um irmão carinhoso, que lhe ajuda a
dar asas para suas histórias. O mais legal é ver como eles constroem as
histórias. Muito simples, muito doce e sempre com situações onde Charlie
explica pacientemente coisas para Lola. Gente, sério, isso é legal!
Lola também possuí um amigo
imaginário chamado Soren Lorensen, que já me ganha pelo nome.
Tem no Netflix!
Este
desenho produzido pela Discovery Kids é uma adaptação da obra da neozelandesa
Gill Pittar, que tem livros lindos e não poderia ter um desenho de menor
qualidade. É muito, muito raro encontrar
desenhos cujo protagonista não seja branco. O erro é em fazer com que crianças
vejam desenhos que não condizem com sua realidade.
O mundo não possuí só uma
cor, uma língua e uma forma de ver as coisas. Essa é a grande importância
de buscar desenhos com diversidade e que respeitem isso de forma leal. Este é o
caso. Milly e Molly vivem aventuras,
mostram o valor da amizade, discutem assuntos sobre a vivência infantil, quando
tantos sentimentos e problemas estão se apresentando pela primeira vez.
6. Meu amigãozão
Produzido por dois estúdios, um
brasileiro e um canadense, esse é um daqueles desenhos lindos de se ver. Com
uma arte impecável, um roteiro legal e histórias que ensinam o valor da
amizade; passeia por questões como egoísmo e brincadeiras que não funcionam.
Esse é um desenho que costumamos ver raramente aqui em casa, mas não porque ele
não é bacana.
Talvez, sendo bem radical, Lili
não precisava no desenho sonhar tanto em ser princesa. Só. O restante é muito
bacana e Yuri, o personagem principal, possuí o melhor amigãozão da história!
Gente, juro que queria ter um elefante azul gigante. E é basicamente isso, cada personagem tem seu amigo e com eles vive
aventuras, promovendo uma linda sensação de trabalho em equipe e de como
podemos buscar experiências inusitadas em lugares óbvios.
7. Garota Supersábia
Rita Bastos [sim, ela é
latina!] é uma super-heroína que combate os vilões dando uma aula de português.
Pronto, em uma frase resumi o quão bacana é esse desenho. Temos uma menina
latina, que se parece uma menina latina, o que é mais raro ainda, que caiu na
Terra junto com seu macaco, O Capitão Caretas.
Não bastante, os vilões tem
nomes como: Doutor Cerebro de 30 Rato, Teodoro Tobias 3º e Dona Redundância. É
um desenho muito bem produzido, escrito, divertido, com sentido e a representação
dos personagens e da heroína é fantástico.
8. Peg+Gato
Você está vivendo e começa a
música: Peg e o Gato, Peg e o Gato, Peg e o gato, Peg e o Gato. Veja e depois
me conte como você vai dormir com isso na cabeça. Adeus, Caetano. Adeus, bom
gosto musical, vai ser Peg e o Gato.
Mas
tudo tem um bom motivo e são raros os desenhos que abordam matemática de forma
tão legal. Esse é um desenho para crianças pequenas, que consegue conversar
sobre números de forma didática e divertida. A arte é linda, acho muito bom
quando desenhos usam a dinâmica de que aquilo poderia ter sido rabiscado por
uma criança.
9. Inami
Está é uma produção francesa,
mas conta a história de um jovem índio na Amazônia. Passa na TV Cultura e é um
dos poucos desenhos que conheço que possuem essa temática. Por algum motivo
estranho, nosso país não consegue conceber produções infantis contando como são
os verdadeiros brasileiros, aqueles que moravam aqui antes do Homem Branco
chegar, mas estamos torcendo para que isso acabe logo.
O desenho não foca em relações familiares, que
era o forte da cultura indígena, prefere o velho argumento do menino apaixonado
pela menina, mas para pessoas que querem que os filhos tenham contato e
apreciem um desenho divertido, que não é absurdo como a maioria, indico
sinceramente.
A TV Cultura passava em 2014,
mas olhei aqui e nada de novos episódios. Então recomendo procurar no Youtube.
10. Tromba Trem
Mais um brasileiro para a
lista, só que este tem uma das histórias mais bacanas que já vi [e tanto
socialista, vá]. Gajah é um elefante
indiano que se perdeu e vai parar na Floresta Amazônica. Sem memória, ele
conhece uma tamanduá chamada Duda, que é super simpática e vegetariana. Depois
de entrar numa disputa com uma colônia de cupins cuja Rainha tem certeza que é
de Kapax, eles viajam pela América Latina.
Cada episódio se passa num país
e é muito divertido. Em cada lugar tem um novo personagem, que caracteriza a
cultura local e Duda é sempre muito doida. Ok, eu fico vendo esse desenho. Me
julgue.
Retirado
do link :
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