As discussões sobre a
violência e o bullying dentro da escola deixaram de ser temas de debates apenas
na sala de aula e foram para as comunidades
Essa já é uma realidade
vivenciada por alunos de duas escolas da Rede Pública de Ensino do Recife, que
participaram de uma formação sobre SIDIES – Sistema de Diagnóstico Estratégico.
O evento reuniu cerca de 30 adolescentes e jovens, no escritório da Cáritas
Brasileira NE2, em Recife (PE), e é uma ação do projeto “Redução da Violência
através do Protagonismo Juvenil no Espaço Escolar”.
O
projeto, que é uma parceria da Cáritas Alemã com organizações não
governamentais, atuantes nos estados de Pernambuco e da Paraíba, entre elas a
Cáritas Brasileira NE2, através do PIAJ – Programa Infância, Adolescência e
Juventude, prevê o desenvolvimento de um modelo de intervenção para o espaço
escolar, em perspectiva de uma prática escolar-comunitária, que seja capaz de
construir respostas frente aos fatores geradores de violência e exclusão
social.
De acordo
com a educadora social do PIAJ, Bibiana Santana, esta formação teve como
objetivo capacitar os jovens do projeto, segundo a metodologia do SIDIES.
Porém, todo conteúdo trabalhado foi adaptado à linguagem da juventude.
O SIDIES é uma ferramenta voltada à
sistematização, análise da informação e elaboração de estratégias, a partir de
um conjunto de passos organizados utilizado para desenvolver um diagnóstico
comunitário pensado para produzir mudanças na comunidade.
“Este momento foi muito significativo e
importante, pois vai contribuir, fundamentalmente, para a construção do projeto
de intervenção nas escolas. além de proporcionar interação e discussão conjunta
entre educadores e alunos. Esses jovens serão multiplicadores e executores do
projeto, que tem como proposta promover debates com temas relacionados à
geração da violência”, explicou Bibiana Santana.
A
adolescente Alessandra Lays da Silva, 15 anos, estudante da Escola Estadual
Pedro Augusto Carneiro Leão, no bairro do Fundão, lembra que o tema da
violência sempre foi algo muito forte e recorrente nas rodas de conversa dos
jovens e, infelizmente, faz parte do cotidiano das comunidades e da escola. “Sinto-me muito bem quando os educadores do
projeto estão aqui com a gente. Gosto de participar dos debates e acredito que
eles têm ajudado muito a conscientizar os jovens sobre vários assuntos”,
ressaltou.
Ainda segundo Alessandra, antes havia muito
problema relacionado ao bullying entre os alunos. “Hoje, as meninas têm
consciência que este assunto machuca e causa dor nas pessoas, então muitas já
chegaram até a pedir perdão uma para outra”, disse.
Hoje, o estudante Tales Anderson Ferreira
Costa, 14 anos, da Escola Estadual São Francisco de Assis, no bairro do Arruda,
consegue perceber uma mudança na sua vida tanto no contexto escolar quanto na
comunidade.
“A lição mais importante que aprendi com o
projeto é o respeito ao próximo, é o respeito à outra pessoa que, por exemplo,
pode ser meu colega da sala de aula. É preciso respeitar as diferenças de cada
um. Dessa forma, já estamos contribuindo para reduzir a violência”, destacou.
O
coordenador do PIAJ, André Tavares, que também facilitou a formação sobre
SIDIES, destaca que há um roteiro de processos para a implementação da proposta
de intervenção no espaço escolar que deve ser seguido, e está estruturado em quatro etapas, sendo elas: Aproximação com a
Escola; Diagnóstico Estratégico; Implementação da Estratégia e Lições
Aprendidas.
Encaminhamento
Como
resultado concreto de uma das etapas deste processo de formação em SIDIES, os
alunos definiram o tema central que norteará o projeto de intervenção nas duas
escolas participantes. “Após várias reflexões, trabalhos em grupos e momentos
de escutas em ambos os lados, ou seja, tanto com os jovens quanto com os
educadores, as duas escolas chegaram ao consenso que a temática fundamental a
ser trabalhada é a questão do bullying.
Será construído um projeto de intervenção,
depois apresentado à equipe gestora das escolas, e aplicado no espaço escolar
pelos jovens”, explicou a educadora social do PIAJ, Andréa Maria de Oliveira.
Por Kilma Ferreira :: Assessora de Comunicação da Cáritas Regional
Nordeste 2
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