segunda-feira, 10 de junho de 2019

Não existe criança difícil, difícil é ser criança em um mundo de pessoas cansadas


  Não existe criança difícil, o difícil é ser criança em um mundo
 de pessoas cansadas, ocupadas, sem paciência e com pressa

                        
Existem pais, professores e tutores que se esquecem de um
dos compromissos mais importantes da educação de uma criança:
o de oferecer aventuras infantis.

Este é um problema tão real que,
 por vezes, podemos ficar preocupados pelo simples fato de uma
 criança ser inquieta, barulhenta, alegre, emotiva e enérgica.
Há pais e profissionais que não querem crianças, querem robôs.
O normal é que uma criança corra, voe, grite, experimente, e faça
do seu ambiente um parque de diversões. O normal é que uma
 criança, pelo menos nas idades prematuras, se mostre como ela é,
 e não como os adultos querem que ela seja.

Mas para conseguir isso, é importante entender duas coisas
 fundamentais:
A agitação não é uma doença: queremos um autocontrole que
 nem a a natureza nem a sociedade fomenta.Fazemos uma favor
 às crianças se as deixarmos ficar aborrecidas e evitarmos a
 superestimulação.Doenças? Medicação para as crianças?
 Por quê?Mesmo estando muito na moda no setor de saúde e
 escolar, a verdadeira existência do Transtorno do Déficit de
Atenção com Hiperatividade (TDAH) é muito questionável,
pelo menos da forma exata como está concebido.

 Atualmente considera-se que este transtorno é uma caixa onde se
 amontoam casos diversos, que vão desde problemas neurológicos
 até problemas de comportamento ou de falta de recursos e
 habilidades para encarar o dia a dia.As estatísticas são
 esmagadoras. Segundo dados do Manual Diagnóstico e Estatístico
 de Transtornos Mentais IV- TR (DSM-IV TR), a prevalência do
 TDAH nas crianças é de 3 a 7 casos por cada 100 meninos e
meninas.
O que preocupa é que a hipótese biológica subjacente a isto é
simplesmente isso, uma hipótese que é comprovada por ensaio e
erro com raciocínios que começam por “parece que isto ocorre
 porque…“.

Enquanto isso, estamos supermedicando as crianças que vivem
conosco porque elas mostram comportamentos perturbadores,
porque não nos mostram atenção e porque parecem não pensar
quando realizam as suas tarefas. É um tema delicado, por isso
 temos que ser devidamente cautelosos e responsáveis,
consultando bons psiquiatras e psicólogos infantis.

Partindo desta base, devemos destacar que não existe um exame
 clínico nem psicológico que determine de forma objetiva a
 existência do TDAH. Sem dúvida os exames são realizados com
 base em impressões e realização de provas distintas.
O diagnóstico é determinado com base no momento em que são
 realizadas e na
impressão subjetiva destas provas. 

Inquietante, não é?Não podemos esquecer que estamos
 medicando as crianças com anfetaminas, antipsicóticos e
ansiolíticos, os quais podem causar consequências nefastas no
desenvolvimento neurológico delas. Não sabemos qual vai ser a
repercussão deste medicamento e muito menos do uso excessivo
do mesmo.
 Um medicamento que
apenas vai reduzir a sintomatologia,
mas que não reverte de forma alguma o problema.Parece uma
selvageria, mas… Por que isso continua? Provavelmente um dos
 motivos é o financeiro, pois a indústria farmacêutica move bilhões
 graças ao tratamento farmacológico administrado às crianças.
Por outro lado está a filosofia do “melhor isto do que nada”.
O autoengano da pílula da felicidade é um fator comum em
muitas patologias.
Deixando de lado rótulos e diagnósticos que, na proporção em
 que se dão, tornam-se questionáveis, devemos colocar os freios e
er consciência de que muitas vezes os que estão doentes são os
adultos, e que o principal sintoma é a má gestão das políticas
educativas e das escolas.
Cada vez mais especialistas estão tomando consciência disto e
procuram impor restrições a pais e a profissionais que sentem a
 necessidade de colocar a etiqueta de TDAH em problemas que,
muitas vezes, provêm principalmente do meio familiar e da falta
de oportunidades dadas à criança para desenvolver as suas
 capacidades.
Como afirma Marino Pérez Álvarez, especialista em Psicologia
 Clínica e professor de Psicopatologia e Técnicas de Intervenção
 na Universidade de Oviedo, o TDAH nada mais é que um rótulo
 para comportamentos problemáticos de crianças que não têm
 uma base científica neurológica sólida como é
regularmente apresentada. Ele existe
como um rótulo infeliz que engloba problemas ou aspetos
incômodos que efetivamente estão dentro da normalidade.

“Não existe. O TDAH é um diagnóstico que carece de identidade
 clínica, e a medicação, longe de ser propriamente um tratamento,
é na realidade doping”, afirma Marino. Generalizou-se a ideia de
que o desequilíbrio neurológico é a causa
de vários problemas, mas não há
certeza de que ele seja causa ou consequência. Isto é, os
 desequilíbrios neuroquímicos também podem ser gerados na
 relação com o que rodeia a criança.Ou seja, a pergunta adequada
 é a seguinte: o TDAH é ciência ou ideologia? Convém sermos
 críticos e olharmos para um mundo que fomenta o
 cerebrocentrismo e que procura as causas materiais de tudo sem
parar para pensar sobre o que é 
a causa e o que é a consequência.
Partindo desta base, deveríamos pensar em quais são as
 necessidades e quais são os pontos fortes de cada criança e
 de cada adulto suscetível a ser diagnosticado. Abordar isto de
 maneira individual proporcionará mais saúde e bem-estar,
 tanto dos pequenos como da sociedade em geral. Então, a
 primeira coisa que devemos fazer é uma análise crítica de
nós mesmos.

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