Certo dia, senti-me totalmente derrotado e vencido. Nada fazia sentido: o mundo, a vida, meu trabalho, nada. Decidi que pularia de uma ponte situada no outro lado da cidade. Escrevi uma carta aos meus familiares e caminhei em direção à ponte
No caminho, necessitei atravessar um bosque. Avistei, ali, uma pequena fonte d’água e parei para contemplar a que seria, talvez, a última beleza a ser vista em minha existência. Junto à fonte, num banco já desgastado pelo tempo, um indigente me olhava com muita atenção.
Estava a
poucos passos de mim e fez um gesto para que me aproximasse dele. – O que se
passa com você, meu jovem? – ele perguntou com um ar sereno, embora preocupado.
Sua resposta me surpreendeu: “Olhe ao seu redor. Você está vendo a samambaia e
o bambu?”
“Sim,
estou vendo”, respondi.
“Pois bem, a Vida se encarregou de semear, a um só
tempo, as samambaias e o bambu. A ambos não faltaram água, luz, seiva… A
samambaia cresceu rapidamente. Seu verde brilhante cobria o solo. Porém, da
semente do bambu nada saía.
Apesar disso, a Vida não desistiu do bambu. No
segundo ano, a samambaia cresceu ainda mais brilhante e viçosa. E, novamente,
da semente do bambu, nada apareceu. Mas, a Vida não desistiu do bambu.
No terceiro ano, no quarto, a
mesma coisa. Mas, no quinto ano, um pequeno broto saiu da terra. Aparentemente,
em comparação com a samambaia, era muito pequeno, até insignificante.
Seis meses depois, o bambu
cresceu mais de 5 metros de altura.
Ele ficara cinco anos afundando raízes. Aquelas
raízes o tornaram forte e lhe deram o necessário para sobreviver.
Essa dor que você sente e aparenta ser sem
propósito, ao longo de todos esses anos, é, na verdade, o rasgo de suas raízes.
Elas estão se tornando mais profundas aí dentro.
A Vida não desiste nunca. Não é correto comparar-se
a outros. Sua trajetória é única. Seria justo desistir da Vida? Desistir
justamente de quem provê aquilo de que você mais necessita para contemplar, em
breve, a existência de um lugar mais perto do céu?
Baixei a cabeça e, com olhos marejados, procurei
alguma palavra para dizer àquele desconhecido maltrapilho. Quando levantei o
rosto, percebi que não precisava dizer mais nada. O indigente não estava mais
ali e, sinceramente, nem posso precisar se aquele homem um dia existiu.
Autor desconhecido.
Adaptação Nara Rúbia Ribeiro.
Retirado do link :
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